(Post para publicação em 24 de Novembro de 2012 – 10,30 h).
(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)
Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.
Que descanse em paz com as honras do Senhor.
18\06\1927 - 29\10\2011
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Do livro “Caminhos da Felicidade”
PERDI A MINHA CARTEIRA
Nestes tempos em que a desonestidade pulula em várias expressões, é encantador encontrar um exemplo de nobreza moral, como pérola em montureira.
O escritor indiano Narottan Palan conta que estava num congresso de escritores, numa pequena cidade na margem do rio Nármada, quando, numa manhã fria, foi com um colega ver nascer o Sol.
Viram então sentado numa pedra um mendigo tiritando de frio, quase sem roupa.
Regressaram ambos a casa. O escritor viu que o companheiro não trazia vestida a sua valiosa parka de camurça.
- Onde está a tua parka?
Ele sorriu e não respondeu nada.
Tomaram o pequeno almoço e o amigo perguntou ao escritor? – Tens dinheiro?. É que eu perdi a minha carteira.
- Como foi que a perdeste?
Dei a minha parka àquele mendigo que estava na margem do rio e não me lembrei que ia a carteira no bolso. Vamos esquecer isso.
Naquela tarde, viram um rapaz com a referida parka vestida, procurando encontrar alguém.
«Quando nos viu, – conta o escritor – correu para nós, meteu a mão ao bolso, tirou a carteira e entregou-a ao meu companheiro. O dinheiro estava intacto.
O rapaz explicou que o mendigo lhe tinha oferecido a parka a ele, porque precisava mais dela. E como tinha encontrado a carteira no bolso, fez uma descrição dos dois escritores, para que o jovem os procurasse e entregasse a carteira ao dono.
Quiseram recompensar o moço, mas ele sorriu, saltou para um barquito preso na margem e remou acenando feliz…
Felizes ficaram, os dois amigos. E felizes ficamos nós, ao verificar mais uma vez que dentro de roupas esfarrapadas mora também a nobreza moral. E mais ainda: porque dentro de peitos jovens há corações impregnados de beleza moral…
Porto, Dezembro de 1998
Mário Salgueirinho
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Do livro “Dar é receber”
CRÍTICA PRECIPITADA
Era um casal novo, recém-casado. Vivia no seu pequeno apartamento num prédio onde moravam muitas pessoas.
Certo dia, quando tomavam o pequeno almoço, viram pela janela da sala uma mulher estendendo roupa lavada para secar.
- Que roupa tão suja! – comentou a esposa do casal. – E continuou: – Se eu tivesse confiança com ela, perguntava-lhe se ela queria que eu lhe ensinasse a lavar roupa.
O marido não disse qualquer palavra.
Daí a dias, a mesma cena. A esposa do casal comentou novamente com desdém: – Mete-me pena. se eu soubesse que ela não tomava a mal, eu ia ensinar-lhe a lavar roupa…
O marido ficou silencioso.
Poucos dias depois, a mulher voltou a estender roupa. A esposa do casal olhou e comentou: – Até que enfim que aprendeu a lavar. Talvez alguém tivesse pena dela e a tivesse ensinado… Hoje podemos olhar para aquela roupa que não apresenta a sujidade dos dias anteriores.
Então o marido respondeu: – Hoje levantei-me muito cedo e lavei cuidadosamente os vidros da nossa janela… Afinal, não era a roupa da vizinha que estava suja, mas sim os nossos vidros!
Óptima e oportuna mensagem! Com facilidade apontamos defeitos nos outros, mesmo quando não existem! mesmo quando a sujidade está nos nosso solhos conspurcados.
E também muitas vezes não vemos os nossos próprios defeitos, mesmo que sejam grandes e evidentes…
Porto, Dezembro/2003
Mário Salgueirinho
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