(Post para publicação em 20 de Outubro de 2012 – 10,30 h).
(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)
Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.
Que descanse em paz com as honras do Senhor.
18\06\1927 - 29\10\2011
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Do livro “Caminhos da Felicidade”
O TEMPO FRIO
Um frio intenso vem enregelando a Europa, sobretudo aqueles que nem tecto têm para abrigá-los das intempéries.
O frio é mais um inimigo poderoso dos pobres.
Em todo o mundo, mesmo naqueles países de nível de vida elevado, há muita gente que dorme debaixo das pontes e das arcadas dos monumentos e dos portais.
Em Paris, a administração do metro teve uma ideia esplêndida e imitável. Abriu uma estação desativada do metro, para que esses infelizes sem teto nem beira passassem a noite neste período gelado. Imagem comovente apresentada pela TV, em que se veem numerosos mendigos deitarem-se para repousar num ambiente mais abrigado, que lhes parecia um palácio!
O tempo frio é mensageiro de um apelo a mais solidariedade entre os homens: um apelo àqueles a quem nada falta de conforto para que pensem mais nesse mundo despido de tudo: nessa gente que vai buscar as energias do sono debaixo de sucatas e portais e arcos das pontes.
Nesta manhã, elevo a Deus, com quantos me queiram acompanhar, uma oração para o tempo frio.
Senhor:
há tantos filhos Teus
que sofrem e morrem de frio,
aí pelas esquinas do mundo.
Mas o que mais os enregela
é o egoísmo envolvente
dessa outra face humana dos que vivem
uma vida de supérfluo luxuoso e chocante,
dos que não têm uma sopa quente
nem uma barraca frinchosa,
nem uma manta esfarrapada.
Senhor:
Tu que aqueces a terra com o calor do Sol
que criaste,
descongela os corações empedernidos pelo egoísmo,
principalmente daqueles que dizem crer em Ti
e na Tua justiça.
Porto, Dezembro de 1998
Mário Salgueirinho
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Do livro “Dar é receber”
FÁTIMA
O dia 13 de Maio é um ponto de ebulição da fé e da devoção mariana tanto de portugueses como de estrangeiros.
Para lá acorrem peregrinos calcorreando a pé, estradas e carreiros, num sacrifício incomensurável, encorajados pela esperança ou pelo reconhecimento, fazendo de cada passo súplica ou ação de graças; outros vão em qualquer transporte, mas todos eles para pedir ou agradecer a intercessão de Maria, a Mãe de Jesus e da Igreja.
Para Fátima converge o sofrimento de todo o mundo, numa caminhada de esperança: a doença grave ou incurável, o espectro do desemprego, a desarmonia dos casais, o descaminho de jovens drogados, enfim, toda a espécie de angústias é deposta confiadamente no regaço da Mãe.
A essência da mensagem de Fátima é a penitência – não essa de rastejar de joelhos – mas a metanoia, isto é, a mudança de vida. Quem peregrina a Fátima, mergulhando nesse mar de sobrenatural, tem de regressar ao seu lar, ao seu mundo de trabalho, ao seu mundo social, um pouco diferente, um pouco melhor, pelo menos com o desejo de ser mais perfeito, no cumprimento de toso os seus deveres.
O toque do sobrenatural recebido em Fátima tem de ser positivo, eficiente, um toque de conversão e aperfeiçoamento comportamental. O peregrino de Fátima tem de regressar com mais coerência na sua vida de fé, com mais fogo apostólico, com mais consciência de que é «sal da terra e luz do mundo».
Se todas essas multidões que mergulham no mar de misericórdia e graça que é Fátima voltassem ao seu mundo mais conscientes das suas responsabilidades, na construção de um mundo melhor, muito melhor e muito mais feliz estaria o mundo.
Porto, Dezembro/2003
Mário Salgueirinho
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