(Post para publicação em 27 de Outubro de 2012 – 10,30 h).
(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)
Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.
Que descanse em paz com as honras do Senhor.
18\06\1927 - 29\10\2011
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Do livro “Caminhos da Felicidade”
MÃOS AMARRADAS
Conta uma antiga lenda que um bom homem ouviu, certo dia, bater à porta de casa. Eram uns amigos que lhe foram amarrar as mãos, para que não praticasse nada de mau.
Retiraram-se, deixando um deles a guardar a porta, para que ninguém lhe desatasse as mãos. E iam-se revezando.
O homem, revoltado, tentou desamarrar as mãos por todas as formas, mas sem resultado. Adaptou-se a fazer algumas coisas sem as mãos. E pouco a pouco se foi conformando com aquela forma de viver. e de tal maneira se habituou que se esqueceu do tempo feliz em que tinha as mãos livres.
Entretanto, o guarda ia-lhe contando uma infinidade de coisas más que ocorriam pelo mundo fora, realizadas pelas mãos humanas: terrorismo, assaltos, roubos, guerras, mortes, etc..
E o homem das mãos atadas até passou a pensar que era melhor viver assim.
Passaram-se anos. Um dia, outros amigos surpreenderam o guarda e entraram, soltando as mãos do homem.
- Agora estás livre! – disseram-lhe. Mas ficaram tristemente surpreendidos. Aquelas mãos por terem estado amarradas tantos anos, não faziam nada.. Estavam inertes e inúteis.
Quanta gente por aí de mãos amarradas: talvez pelos,pais, talvez +pelos familiares, talvez pelos amigos.
Educada sem hábitos de solidariedade e doação desde criança, não consegue servir os outros com um gesto de serviço fraterno e de entreajuda solidária.
Perderam a criatividade para o bem, perderam a generosidade para dar amor e não estendem a mão para confortar o doente, para auxiliar o faminto, para amparar o infeliz.
Tanta gente de mãos atadas pelo medo, pela avareza, pelas convenções sociais, pelos preconceitos tradicionais caducos, pelo orgulho familiar ou rácico, pelo egoísmo selvagem.
Mãos amarradas, vidas fossilizadas, totalmente estéreis…
Porto, Dezembro de 1998
Mário Salgueirinho
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Do livro “Dar é receber”
DIA DOS NAMORADOS
Porto, Dezembro/2003
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