Nº 1553 - (3)
Desejo a continuação de
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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JOÃO XV
João XV
(985-996)
Foi sagrado em Agosto de 985 em circunstâncias obscuras e desconhecidas mas, certamente, com o apoio da familia Crescêncio.
Aquando da eleição, o imperador Otão III era ainda criança e sua mãe, Teofânia, que era a regente, preferiu não se intrometer nos assuntos de Roma. Crescêncio Momentano aproveitou esse alheamento e proclamou-se patrício de Roma, usurpando todo o poder temporal e vexando até o sumo pontífice, que teve de se refugiar na Toscana. Pouco depois, temendo as represálias de Teofânia, Crescêncio pediu ao papa que regressasse a Roma, declarando-se arrependido.
Culto, erudito e hábil, João XV, para não ficar sob a influência de Crescêncio, que se proclamara patrício, procurou prover os cargos mais importantes com parentes e amigos. Para o mesmo fim e para mostrar a sua autoridade e estabilidade de atuação como pastor, convida Teofânia a visitar Roma. Esta aceita e, habilidosamente, reconhece o título de patrício adoptado por Crescêncio mas, em contrapartida, consegue o reconhecimento de seu filho como imperador. Esta coexistência de poderes veio a revelar-se perniciosa para o pontificado, metido entre as duas facções, o que provocou uma acentuada decadência do prestígio papal.
Resultado e prova disso, a maneira como Arnolfo, bispo de Orleães, invectiva num concílio episcopal francês, realizado em Reims, em 991: «Ó Roma, digna de ser chorada! No teu silêncio, trouxeste aos nossos maiores as luzes dos Padres da Igreja. mas o presente mostra-se escuro e com trevas tão densas que, para o futuro, dificilmente se poderão varrer da memória».
Os bispos franceses tinham constatado o estado de tirania com que Roma era governada, quando os embaixadores conciliares não foram recebidos por João XV com a dignidade devida, por não terem levado oferendas ao patrício Crescêncio.
Sem ser um papa de grandes decisões, clarividente e vigoroso, João XV conseguiu estabelecer a paz entre Etelredo, reui de Inglaterra e Ricardo, duque da Normandia.
Em 993, num sínodo celebrado em Roma, canonizou o bispo de Augsburgo, santo Ulrico, sendo a primeira canonização celebrada por um papa, visto que até então as canonizações provinham de processos diocesanos e só então passaram a ser da competência do sumo pontífice.
Interveio com autoridade e êxito nos problemas internos das Igrejas de Inglaterra, da França e da Alemanha, revelando-se um baluarte da fé ante as primeiras arremetidas galicanas.
O seu epitáfio no sepulcro em São Pedro exalta-o como «Doutor egrégio» e afirma que não se deixou vencer «pelo terror, pelo lucro, nem por favor algum».
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GREGÓRIO V
Gregório V
(996-999)
Depois da morte de João XV passaram vários meses à espera que o jovem imperador Otão III desse autorização para a eleição.
A facção de Crescêncio aguardava na expectativa, quando o imperador indicou um seu primo, de 24 anos, creditado pela sua cultura e decisão de carácter. Foi aceite e eleito em 3 de maio de 966, com o nome de Gregório V, sendo o primeiro papa alemão na história da Igreja.
Pouco depois da eleição, o imperador veio a Roma para ser pro ele coroado, o que aconteceu em, São Pedro, em 21 de Maio.
Foi convocado por ambos um concílio para reestrutura a reorganização da cidade, procedendo-se também ao julgamento dos que já nos pontificados anteriores se haviam, manifestado rebeldes. As sentenças foram leves e apaziguadoras, de tal modo que Crescêncio, vendo, a pedido do papa, perdoada a sua pena de exílio, não hesitou em fazer juramento de fidelidade.
Mas nem tudo era paz, nem verdade. Logo que o imperador se retirou com o seu exército, surge um movimento de revolta entre os nacionalistas, de que Crescêncio se aproveita para incitar os revoltosos e excitar os ânimos.
Gregório V refugia-se em Pavia, onde em concílio, lança a excomunhão sobre Crescêncio e o antipapa João Filigato, colocado por Crescêncio à frente da Santa Sé com o nome de João XVI.
Logo que soube o que se passava , o imperador volta a Roma, onde entra em companhia de Gregório V, em Janeiro de 998.
Filigato é encarcerado e Crescêncio depois de tomado o Castelo de Santo Ângelo, onde se refugiara, seria decapitado juntamente com diversos cabecilhas.
Enérgico e zeloso do bem da Igreja, Gregório V interveio em França na deposição de Geberto, arcebispo intruso de Reims. a favor da legitimidade de Arnulfo e levou a tribunal eclesiástico os bispos franceses coniventes.
Sem contemporizar com o próprio rei gaulês. Roberto, impôs-lhe uma penitência de sete anos, por ter contraído matrimónio com a sua parente Berta. sem ter solicitado a necessária dispensa de impedimento.
Surpreendeu muitos bispos fraudulentos eleitos ou descuidados dos seus deveres.
Faleceu inesperadamente, vítima de malária, aos 27 anos.
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JOÃO XVI - (ANTIPAPA)
João XVI
(997-998)
Crescêncio Momentano, que se autoproclamara patrício de Roma, usurpando o poder temporal e vexando o santo Padre, que se refugiou na Toscana, estava em luta com Gregório V e colocou João Filigato à frente da Sé romana, elegendo-o papa, em Maio de 987, com o nome de João XVI.
O verdadeiro papa, receoso, abandonou Roma, refugiando-se em Pavia, onde, em concílio, excomungou Crescêncio e o antipapa João XVI.
Sabendo do acontecido, o imperador dirige-se a Roma, onde entra na companhia de Gregório V, em Janeiro de 998.
Filigato, o antipapa, é exilado num convento, vendo o fim da sua aventura pontifícia e Crescêncio decapitado, bem como diversos dos seus cabecilhas.
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SILVESTRE II
Silvestre II
(999-1003)
Depois de um papa alemão, um francês, o primeiro desta nacionalidade. Gerbert d’Aurillac, um homem sábio, extremamente culto, formado em astronomia, ciências naturais, filosofia e matemática, que tinha estudado em Espanha com mestres árabes e que era, como se dizia no seu tempo, «um génio que se adiantou à sua época».
Um papa eleito em 2 de Abril de 999, que tomou o nome de Silvestre II e que presidiu à Igreja assistindo à passagem do primeiro milénio.
O início do ano 1000 – o novo milénio – criou a crença de que um cataclismo universal se abateria sobre a humanidade, mas Silvestre II, com a sua autoridade, prestigio e cultura, conseguiu acalmar os ânimos da população.
Pai espiritual de Otão III, neto de Otão, o Grande que o elevou ao pontificado como Silvestre II, concluiu a sagração com a sua célebre frase: «Somos nós quem deve escolher os papas». Otão III, igualmente culto, seguiu o ideal de Silvestre II, em restaurar o império de Constantino, uma monarquia universal cujo centro seria Roma e ainda fazendo planos para a reconstrução de lugares santos, nascendo daí, talvez o ter sido um dos precursores da I Cruzada, que só se viria a realizar em 1096, pregada então pelo papa Urbano II.
Silvestre II imprimiu um cunho missionário à Igreja, principalmente nos povos escandinavos, eslavos e magiares, convertidos ao cristianismo sem qualquer sujeição ao imperialismo germânico. Ao ter conhecimento de que o duque magiar de Kelt recebera o batismo e passara a chamar-se Estêvão (futuro Santo Estêvão), enviou-lhe uma coroa que ainda hoje é venerada como símbolo nacional do catolicismo da Hungria.
Silvestre II regularizou assuntos do foro eclesiástico, entre eles a nomeação de um metropolita eclesiástico, para a Polónia e outro para a Hungria, a cujo soberano concedeu o título de rei.
Célebre pela sua erudição, além, do tratado dogmático De Corpore et Sanguine Dominis, deixou uma série de importantes escritos sobre filosofia, matemática e física, sendo-lhe atribuída a introdução da atual numeração árabe no Ocidente e a invenção do relógio de pêndulo.
Faleceu em Roma, de malária, ou talvez assassinado, e, passados seis séculos, ao ser aberto o sepulcro, encontrou-se o seu corpo incorrupto, assim como as vestes pontifícias e tiara.
Post colocado em 6-2-2013 – 10H15
ANTÓNIO FONSECA
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