Nº 1555 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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BENTO VIII
Bento VIII
(1012-1024)
Os condes de Túsculo apoiaram um membro da sua família, Teofilato, que foi eleito em 18 de Maio de 1012 com o nome de Bento VIII.
A familia Crescêncio discorda e elege simultaneamente um apaniguado seu, chamado Gregório, que procura o apoio do imperador alemão. este, porém, resolve apoiar Teofilato, que foi, pois, o eleito.
No ano seguinte, o imperador, Henrique II, vem a Roma onde foi coroado por Bento VIII. Mais tarde, Henrique II viria a ser canonizado, tal como sua esposa, santa Cunegundes.
Bento VIII governou a cidade com energia, auxiliado por um seu irmão que nomeou senador.
Com tempera de guerreiro, estabeleceu num aliança com Génova e Pisa, com as quais conseguiu uma poderosa esquadra que aniquilou os sarracenos que infestavam o mar Tirreno e ameaçavam Roma.
Com grande inteligência política, elaborou de comum acordo com o imperador e rei de França um grande plano de paz universal e reforma dos costumes. No mesmo sentido reúne dois sínodos em Roma e Pavia (1022), nos quais se decretaram, severas penas contra os sacerdotes que praticavam a simonia e os que não respeitavam o celibato sacerdotal, assim como contra o duelo. E ainda para conseguir uma mais eficaz disciplina do clero, distinguiu-se, igualmente, no incremento do esplendor da liturgia.
Autorizou que no célebre mosteiro catalão de Ripol se cantasse o Aleluia e o Gloria na festa da Purificação da Santíssima Virgem e incorporou definitivamente o credo do Concílio de Niceia com a expressão Filioque afirmação da procedência do Espírito Santo tanto em relação ao Pai como ao Filho, o que precipitou o chamado Cisma do Oriente, consumado 32 anos mais tarde.
Defendeu a pureza dos sacramentos contra os hereges, que pretendiam substituir os »sacramentos sinais sensíveis» por «sacramentos espirituais».
Bento VIII interveio na disputa que mantinham os patriarcas de Grado e de Alquileia, recebeu Ethelmoth de Cantuária, a quem consagrou como bispo em 1022, restituiu a liderança da abadia de Ely a Leofwine e foi amigo de Santo Odilio, abade de Cluny, cujas reformas nos mosteiros apoiou firmemente.
Bento VIII foi um dos raros papas da Idade Média que conseguiu ser poderoso em Roma e importante fora dela.
Combateu os sarracenos que tinham avançado até Pisa e derrotou, com a ajuda das cidades de Nápoles, Génova e Pisa, os bizantinos que ameaçavam as regiões meridionais.
Bento VIII teve um governo muito positivo e foi um digno precursor de São Gregório VII (1073-1085)
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JOÃO XIX
João XIX
(1024-1032)
Como era leigo quando foi eleito em Maio de 1024, recebeu no mesmo dia todas as ordens, o que contrariava as normas eclesiásticas.
Eleito por força da sua posição social, conseguiu juntar dois poderes, o civil e o espiritual, e entregou a seu irmão Alberico o governo dos assuntos civis.
Com ele a Igreja entrou, de novo, em período de decadência. Era um simples leigo e as ordens sacras que teve de receber apressadamente não o modificaram, continuando a portar-se mais como um príncipe civil do que religioso, interrompendo as promissoras reformas efectuadas por seu irmão e antecessor.
A 26 de Março de 1027, coroou em Roma o imperador alemão, Conrado II, com grande pompa e na presença do rei de França, Rodolfo III, e de Canuto, rei de Inglaterra e Dinamarca, que tinham ido a Roma em prova de submissão, visitar os túmulos dos apóstolos.
O seu pontificado decorreu em tranquilidade devido ao apoio político da sua familia.
O imperador de Bizâncio envia-lhe uma legação em nome do patriarca Eustáquio, a implorar para ele e seus sucessores a revalidação do título de ecuménico. Disposto a ceder, pela magnificência dos dons oferecidos, teve de recusar ante a pressão do clero romano, sobretudo dos abades cluniacenses, o que agravou a rotura com a Igreja do Oriente.
Como nota positiva, fica o ter protegido Guido de Arezzo, o inventor das novas notas musicais.
Morreu em data incerta, depois de um pontificado pouco importante.
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BENTO IX
Bento IX
(1032-1044 / 1045 / 1047-1048)
Possível antipapa, embora apareça em certas listas como papa autêntico. No entanto, os seus problemas, quer com Silvestre III (1045), quer com Dâmaso II (1048), levam a muitas dúvidas sobre a sua legitimidade.
Apesar de pertencente à familia Túsculo, que tinha tido seis papas, ele, de nome Teofilato, moço inexperiente, ao ser eleito como Bento IX, enche o pontificado de opróbrio.
A Igreja via-se em perigo e desolada por se ter tornado um feudo da familia Túsculo, que, manobrando o clero, fazia eleger os seus membros sem qualquer preocupação espiritual.
Promovido entre os 12 e os 15 anos ao sólio pontifício, por influência do pai, nada fez para evitar a situação de escândalo e violência que ameaçava a Igreja, vivendo mais como príncipe secular do que como eclesiástico.
Sobre ele, escreveu Hergenroether; «Com este jovem indigno e ignorante, posto á força à frente da Igreja, voltam os tempos revoltos».
«O mundo católico emudecia, enquanto lamentos se erguiam no país cujo rei era uma criança».
O dinheiro dos Túsculos conseguia desvirtuar o conceito eclesiástico do papado, transformando a sede de Pedro numa espécie de prebenda à mercê dos poderosos mais ambiciosos e mais oportunistas sem escrúpulos.
A conduta de Bento IX deixava muito a desejar, mas, por morte do pai, chefe de familia, os Romanos sublevaram-se, obrigando-o a fugir. Esta fuga foi vista como uma renúncia ao pontificado e, em seu lugar, foi eleito, o bispo de Sabina, que tomou o nome de Silvestre III.
No entanto, Bento IX não tinha desistido e três meses depois, com o apoio do imperador, regressa a Roma apoiado por forças militares fornecidas pelos seus irmãos, reassumindo o lugar de pontífice. Por este motivo há autores que não consideram Silvestre III como verdadeiro papa. No entanto, sentindo-se inseguro, Bento IX abdica em maio de 1045.
Sucede-lhe o papa Gregório VI, que, dizem, ele ou os seus partidários teriam pago a Bento IX para que abdicasse.
Contudo, Bento IX iria aparecer novamente depois da morte de Clemente II, apesar de já ter renunciado, pois julgou que era o momento de cingir de novo a tiara.
Entretanto, os Romanos recorrem ao imperador, que indica o bispo bávaro de Brixen (Tirol) e que assume o pontificado em Julho de 1048, com o nome de Dâmaso II. Logo a seguir à eleição, para fugir ao calor de Roma ou aos seus adversários, segue para a Palestina, onde morre inesperadamente a 9 de Agosto vitimado por malária, ou, como dizem alguns historiadores, envenenado por adeptos de Bento IX, a quem o imperador impedira o regresso ao pontificado.
Acabara, finalmente, a luta de Bento IX por um lugar que nunca conseguiu em definitivo, tendo causado com a sua insistência problemas a vários papas.
Retirado num convento, tornou-se monge de São Basílio e morreu em Grottaferrata, depois de um fim de vida edificante, e aí se encontra sepultado.
Continua:…
Post colocado em 8-2-2013 – 10H15
ANTÓNIO FONSECA
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