terça-feira, 24 de abril de 2012

Nº 1265 - 2ª Página – ACTOS DOS APÓSTOLOS – Evangelista S. Lucas – 24 DE ABRIL DE 2012

 
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Nº 1265-2ª Página
 
 
ACTOS DOS APÓSTOLOS
 
 
VI – PRISIONEIRO DE CRISTO
 
 
28 h) Paulo em Malta – Depois de salvos é que soubemos que a ilha se chamava Malta. Os nativos trataram-nos com invulgar humanidade, pois acenderam uma grande fogueira, junto à qual nos recolheram a todos, por causa da chuva que estava a cair e por causa do frio. Paulo juntou um braçado de lenha seca e, ao lançá-la à fogueira, o calor fez saltar uma víbora que se lhe enroscou na mão. Quando os nativos viram a serpente pendurada na mão dele, disseram uns aos outros. «Com certeza esse homem é um assassino, pois conseguiu salvar-se do mar, mas a justiça divina não o deixou viver». Ele, então, sacudindo o réptil para o fogo, não sofrendo dano algum, enquanto eles esperavam que viesse a inchar ou a cair repentinamente morto. Depois de terem aguardado muito tempo e verem que nada de anormal lhe acontecia mudaram de opinião e começaram a dizer que ele era um deus. Nas proximidades daquele sítio, havia umas terras pertencentes ao Primeiro da ilha, que se chamava Públio, o qual nos recebeu e durante três dias nos hospedou da forma mais cordial. Ora, o pai de Públio estava retido no leito com febre e disenteria. Paulo foi vê-lo e depois de rezar, impôs-lhe as mãos e curou-o. Em consequência disso, os outros enfermos da ilha vieram também procurá-lo e foram curados. Eles, por sua vez, cumularam-nos de honras e, na altura da partida, proveram-nos do que era necessário.
 
 
De Malta a RomaVolvidos três meses, embarcámos num barco de Alexandria com o emblema dos Dióscoros, que tinham passado o inverno na ilha. Aportámos a Siracusa, onde ficámos três dias e, de lá contornando a costa, chegamos a Régio. No dia imediato, levantou-se o vento sul e em dois dias alcançámos Putéolos, onde encontrámos irmãos que nos convidaram a passar sete dias com  eles. E assim é que fomos para Roma. Os irmãos daquela cidade, prevenidos da nossa chegada, vieram ao nosso encontro até Foro de Ápio e Três Tabernas. Paulo, ao vê-los, deu graças a Deus e cobrou ânimo. Quando entrámos em Roma, Paulo foi autorizado a ficar em alojamento próprio com  o soldado que o guardava.
 
Paulo e os judeus de Roma Três dias depois ele convocou os principais dos judeus e, quando estavam todos reunidos, disse-lhes: «Irmãos, embora nada tenha feito contra o povo ou contra os costumes paternos, fui preso em Jerusalém e entregue às mãos dos romanos. Estes, depois de me terem interrogado, queriam libertar-me, por não haver em mim crime algum digno de morte. Mas, como os judeus se opuseram, fui constrangido a apelar para César, sem querer, de modo algum, acusar o meu país. Foi por este motivo que pedi para vos ver e falar, pois é por causa da esperança de Israel que estou envolto nestas cadeias». Eles responderam-lhe: «Nós não recebemos da Judeia carta alguma a teu respeito e não chegou aqui nenhum irmão que contasse ou dissesse qualquer mal de ti. Desejámos, porém, ouvir da tua boca o que pensas, pois quanto à seita a que pertences, sabemos todos que, por toda a parte, encontra oposição». Marcaram, então, o dia e vieram ter com, ele, em maior número, ao seu alojamento. Desde pela manhã até à tarde, Paulo não cessou de lhes dar o seu testemunho. Falou com eles do Reino de Deus e procurou convencê-los do que diz respeito a Jesus, invocando a lei de Moisés e os Profetas. Alguns deixaram-se persuadir com as palavras; outros, porém, mantiveram-se incrédulos. Estando em desacordo uns com os outros, começaram a separar-se. Paulo apenas disse estas palavras: «Com razão falou o Espírito Santo a vossos pais pela boca do profeta Isaías, dizendo:
 
«Vai ter com esse povo e dize-lhe:
 
Ouvireis com os vossos ouvidos, mas não compreendereis;
vereis com os vossos olhos, mas não distinguireis,
Porque o coração deste povo está endurecido;
Taparam os ouvidos e fecharam os olhos,
não fossem ver com os olhos,
ouvir com os ouvidos,
entender com o espírito e converter-se para eu os curar».
 
«Ficai agora sabendo: Esta salvação de Deus foi enviada aos pagãos que a hão-de escutar». Depois de ele ter dito estas palavras, os judeus retiraram-se, travando entre eles animada discussão.
 
 
Epílogo - Paulo permaneceu dois anos inteiros no alojamento que alugara, onde recebia todos os que iam procurá-lo, anunciando o Reino de Deus e ensinando o que diz respeito ao Senhor Jesus Cristo, com o maior desassombro e sem impedimento.
 
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Nota pessoal sobre os últimos versículos 30 e 31 dos Actos dos Apóstolos que acabo de transcrever:
 
30. Na prisão de Roma escreveu, São Paulo as quatro cartas chamadas do Cativeiro, no ano 62 ou 63 aos Filipenses (1,  3), Efésios (4, 1), Colossenses (4, 3) e Filémon (1, 2).
 
31. O leitor ficará, certamente, desapontado com a forma brusca e inesperada de terminar este livro. A todos nos acontece o mesmo. São muitas as explicações que se propõem para este facto. Parece-nos mais verosímil a que já repetimos várias vezes: com a chegada de Paulo a Roma, o autor dos Actos viu cumprido o seu plano. Este abarca-se no conjunto das duas obras lucanas: o Evangelho e os Actos. No Evangelho, a luz de Cristo vai da Galileia a Jerusalém, nos Actos, vai de Jerusalém a Roma. Chegado a este ponto, deixa os leitores em suspenso, pois o seu plano terminara. Entretanto, convém notar que o Evangelho chegara a Roma, muito antes de Paulo. Leia-se a Introdução à carta aos Romanos. Apesar disso, deve manter-se que Lucas traçou o seu plano, como acima ficou dito, também para demonstrar a vocação de Paulo e defendê-lo perante o sector judio-cristão, que lhe era muito adverso (cf Act 15; 21, 18-25; Gal 2). Os Actos são, assim uma apologia de Paulo. Por isso, apesar do título “Livro dos Actos dos Apóstolos» – e isto é uma nova surpresa para o leitor – este livro limita-se a falar de Pedro e de Paulo. É que o título deste livro não foi dado pelo autor. Só mais tarde começaram os cristãos a designá-lo por tal nome. Daqui se conclui que o autor não tinha intenção de narrar a vida de todos os Apóstolos. Destes através da Bíblia, apenas sabemos o que os Evangelhos e os Actos nos referem, juntamente com as notícias das Epístolas e as conjecturas que elas sugerem.
 
Escrito e publicado em 24 de Abril de 2012 – 11,00 horas – por António Fonseca, no blogue SÃO PAULO (e Vidas de Santos) nº 1265.
 
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Amanhã, dia 25/4/12, se Deus o permitir, encetarei a transcrição das CARTAS DE S. PAULO, com a Introdução e o nº 1 da Carta aos Romanos.

António Fonseca

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