Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.
Que descanse em paz com as honras do Senhor.
18\06\1927 - 29\10\2011
Tuesday, March 23, 2010
Ensinar a amar
Conta uma lenda que um velho sábio contemplou o mundo do alto de uma montanha. Viu em baixo gente que se amava e gente que se matava.
Desceu e perguntou a uns: porque é que vos matais?
Porque ainda não descobrimos o sentido da vida – responderam.
Depois perguntou aos outros: Porque é que vos amais?
Porque já descobrimos o sentido da morte.
O velho sábio voltou a subir ao cimo da montanha interrogando-se: o que posso fazer para que todos se amem em vez de se matarem?
Nós ficamos profundamente impressionados com as notícias dolorosas dos jornais: a morte ceifa permanente e cruelmente muita gente. É o terrorismo cruel, cego e suicida. São as guerrilhas que não cessam de matar em todo o mundo. São os assaltos violentos que roubam vidas para roubar valores materiais. São litígios entre familiares e vizinhos, tantas vezes por razões sem valor. Etc. etc. etc.
O número dos que se amam tem de aumentar e de diminuir o dos que se matam.
Há necessidade de educar para o amor fraterno, para o amor vivido e ordenado por Cristo: educar na família, nas escolas, nas igrejas, em toda a parte.
Por vezes deparamos com exemplos de amor fraterno vindos donde nem esperamos: li, há tempos, num dos nossos jornais diários, este episódio encantador.
Num desses bairros paupérrimos da cidade vivia um idoso pobre e viúvo, sem ninguém. Adoeceu. Um rapaz vizinho trabalhava como empregado de recados de uma mercearia, levando artigos aos clientes numa velha bicicleta. Para ajudar o idoso doente, o rapaz corria a casa na sua bicicleta desengonçada, comia apressadamente e ia aquecer a sopa do doente. E voltava a correr para o trabalho para chegar dentro da hora. E esta corrida de amor só parou quando o idoso morreu.
Há que ensinar a amar, mostrando exemplos de generosidade como este. Uma garota levava às costas uma criança. Alguém perguntou-lhe: pesa muito? - Não. É meu irmão – respondeu.
O que parece difícil, pesado, não pesa, se virmos nos outros um irmão.
Talvez aquele velho sábio fosse mais feliz se visse que ainda há quem se sacrifique para amar os outros.
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Tuesday, March 09, 2010
Tempos de Solidariedade
As catástrofes apocalípticas que esmagaram milhares de vidas no Haiti, no Chile e na bela Ilha da Madeira, etc. e destruíram habitações, alimentos e muitos outros valores, com a crise que nos atinge e a outros povos, apelam à nossa solidariedade num clamor lancinante.
É hora de partilhar! Hora de renunciar ao supérfluo para ajudar os que sofrem no nosso país e nos países arruinados pelos terramotos violentos.
A virtude da solidariedade tem de ser aprendida e desenvolvida na família, numa luta contra o egoísmo, contra a indiferença para com as situações dolorosas dos outros.
O padre Gratry, um sacerdote francês que dedicou a sua vida à causa dos pobres, diz no seu livro “As origens” esta palavra: “Uma só coisa peço ao mundo dos nossos dias: uma vontade decidida de abolir a miséria.”
Conta ele que quando era criança, passou um dia com sua mãe por um mendigo, e ela lhe disse: “Pensa, Adolfo, que podias ser tu esse pobrezinho!” E aquela palavra ficou-lhe gravada para toda a vida e despertou-o para a solidariedade, fazendo dele um lutador apaixonado contra a pobreza, um apóstolo do amor fraterno.
Palavra de mãe, palavra dinamizadora para todos - crianças, jovens, adultos - empenhando-os na luta incansável para ajudar os mais carentes de alimentos, de habitação, de saúde, de justiça.
“Adolfo, podias ser tu..” E, na verdade, poderá ser qualquer um de nós.
É esta realidade que deve levar-nos à compaixão dos indigentes, dos injustiçados, dos que não têm voz para reclamar os seus direitos.
Somos instrumentos de Deus para criar um mundo mais feliz.
Para refletir
Onde se encontra o teu Deus? Estás cansado de esperar. Gritas-lhe e não te responde, invoca-Lo e não tens sossego. Sofres e Ele não reage. Onde está agora quando precisas tanto Dele? Porque se esquece de ti? Diz-lhe isso a Ele: porque te escondes nos tempos de angústia?
Desviou de ti o Seu olhar e ficaste cheio de medo. Estará realmente aqui? Gostarias de ter a certeza da Sua presença. Fechar os olhos e senti-Lo. Ficar em silêncio e escutá-Lo. Grita-lhe do fundo do teu ser: A minha alma está sedenta de Ti.
Continua à procura do Seu rosto adorável. A quem vais recorrer se não for a Ele? Deixa-te envolver pelo Seu mistério. Ele está aí, nesse silêncio. Apresenta-lhe a tua dor: Até quando desviarás de mim o Teu olhar? Até quando o meu coração e a minha alma onde sofrer?
Deus não pode deixar de ouvir os teus gritos. Insiste. És Seu filho. Porque te manténs distante? Porque me abandonaste? Diz-lhe a chorar: Não desvies de mim o Teu olhar. Mostra-me o Teu constante amor.
(Salmos, Pagola, G. de Coimbra)
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Tuesday, March 02, 2010
Missões Humildes
Há no mundo muita gente humilde, apagada, de pouca cultura, mas exercendo funções muito importantes para a felicidade dos outros. São, por exemplo, os porteiros dos bancos, das empresas, das escolas, dos tribunais, etc.
Foi construída numa paróquia uma nova igreja. Boa arquitetura, boa construção, pinturas primorosas, esculturas belas, etc.
As pessoas entravam para rezar e para admirar as obras de arte dispersas pelo templo. Comentavam elogiando as numerosas produções artísticas .
Na cumeeira do tecto um grande prego segurava a junção das traves mestras. Mas ninguém olhava para ele nem louvava a sua missão fundamental de segurança. Parecia que o prego “sentia” ciúmes e tristeza.
O tempo foi rolando com invernos chuvosos e ventosos como os atuais.
O vento mexia as traves, alargando-as imperceptivelmente. A água da chuva foi enferrujando progressivamente a grande cavilha que segurava o tecto. E depois de tanto desgaste e de tanta pressão, o prego abateu e esmagou as obras artísticas dispersas pela igreja.
Toda a gente lamentava a derrocada destruidora e lamentava a morte daquele prego que pareciam insignificante e de pouco valor.
Passemos à vida humana para aprender a valorizar e estimar as pessoas humildes, que cumprem os seus deveres o melhor que lhes é possível, tantas vezes sem o reconhecimento da sua responsabilidade, a sua fidelidade e dedicação. E são, muitas vezes, sem prémios nem louvores, o segredo do êxito de muitas empresas.
“Pregos” de segurança imprescindível!
posted by Maia @ 3:57 PM0 comments
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