quinta-feira, 21 de março de 2013

Nº 1595 - (3) - A VIDA DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - (93) - 21 de Março de 2013

Nº 1595 - (3)

BOM ANO DE 2013

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Caros Amigos:

Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)

segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.

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PIO VII

Clemente XIV_thumb[1]

Pio VII

(1800-1823)

O Diretório, que dirigia a França, foi derrubado em 11 de Novembro de 1799 por Napoleão, que chegara das campanhas do Egipto; uma nova coligação de Inglaterra, Nápoles e Áustria expulsa os Franceses de Roma, tornando possível que 36 Cardeais se reunissem em conclave em Veneza, onde em 14 de Março de 1800 elegeram o cardeal Chiaramonti que tomou o nome de Pio VII e foi acolhido em triunfo pela população na sua chegada a Roma.

A situação continuava preocupante, com a Áustria a ocupar o Norte de Itália e Nápoles o Sul. Pior do que isso, as ideias trazidas pela Revolução Francesa e espalhadas por toda a Europa, com os gritos de «Liberdade, Igualdade e Fraternidade», impelidas pela Maçonaria, eram todas de tendência anti-religiosa.

Na sua primeira encíclica, Pio VII afirmava que o veneno tinha penetrado demasiado fundo. Reinava a desorientação com o clero dividido entre a fidelidade a Roma e a subserviência, primeiro ao Diretório e depois a Napoleão. A Igreja tinha perdido os seus bens e os fiéis mostravam-se perplexos e inseguros.

Napoleão proponha uma concordata, mas fazia grandes exigências e, por seu lado, Pio VII também exigia muito. Finalmente, a Concordata foi assinada em 15 de Julho de 1801. O culto católico, em França, ressurgia. abriam-se Igrejas, reorganizava-se a pregação e as batinas podiam andar pelas ruas.

Napoleão pretendia a dignidade imperial, que obteve em Maio de 1804, com Pio VII a ir a Paris para o sagrar imperador de França. Napoleão tudo tentou para que o papa aceitasse viver em Paris ou em Avinhão, mas Pio VII rejeitou com toda a dignidade e em 4 de Abril de 1805 iniciou o regresso a Roma, enquanto o imperador tentava dominar toda a Europa.

Apodera-se de Milão e faz-se coroar rei de Itália, impondo-lhe o seu Código Civil, que permitia o divórcio e nomear bispos à sua vontade.

Pio VII reage e escreve-lhe lembrando que ele era apenas imperador dos Franceses e não de Roma, mas Napoleão não reconhece poder superior ao seu e considera o papa como um simples vassalo e escreve-lhe, dizendo: «Vossa Santidade é soberano em Roma, mas eu sou o Imperador».

Nestes tempos difíceis, apesar de rodeado de tropas francesas, Pio VII foi o único na Europa com coragem para enfrentar Napoleão, o que o irritou.  Vencedor das batalhas de UIm e Austerlitz, com as suas tropas a invadirem Portugal, em 17 de Novembro de 1807, não tolera que o papa o enfrente e diz: «Pensa Pio VII que as suas excomunhões farão cair as armas das mãos dos meus soldados?» Assim, ordena a seu irmão José, feito por ele rei de Nápoles, que ocupe Civitavecchia e Óstia para isolar o Papa em Roma. Ao mesmo tempo apodera-se de Espoleto, Urbino e Ferno e, por fim, em Fevereiro de 1809, ocupa a cidade de Roma.

Pio VII fica refugiado e cercado no Quirinal, mas Napoleão não o consegue domar, pois o papa manda afixar um protesto público contra a invasão e desenvolve grande atividade junto das embaixadas acreditadas em Roma.

A 17 de maio de 1809, em Viena, Napoleão incorpora os restantes Estados Pontifícios e o papa fica confinado a alguns palácios de Roma e a uma pensão anual.

Pio VII publica uma bula excomungando o imperador e os seus colaboradores, as tropas francesas assaltam o Quirinal e intimam o papa a renunciar à soberania temporal sobre os Estados Pontifícios. O papa recusa e o general Radet, que comandava o assalto, obriga o papa a deixar o Quirinal, levando como bagagem apenas o breviário e o crucifixo, indo para Savona, na França, onde ficou preso três anos no paço episcopal, vexado e incomunicável.

Em Março de 1809, começa a surgir a má fortuna de Napoleão Bonaparte. As tropas francesas derrotadas em Portugal na primeira invasão – a do general Junot – entram novamente em Portugal, agora com o general Soult e sofrem nova derrota. Na terceira invasão, com Massena, em Agosto de 1810, nova derrota no Buçaco, e a 26 de Setembro e a 4 de Outubro , em Torres Vedras, as tropas portuguesas, auxiliadas pela Inglaterra, desbaratam as tropas em Napoleão.

Com o papa prisioneiro, Napoleão exagera. Suprime dioceses e paróquias em Roma, persegue bispos e sacerdotes fiéis ao papa, desterrando-os para França, e confisca os bens de 13 cardeais que se recusaram a comparecer no seu casamento com Maria Luisa de Áustria.

Em 1812 em Fontainebleau, o papa, muito doente, é levado a assinar a chamada «Concordata de Fontainebleau», que imediatamente contradiz. Finalmente, em 10 de Março de 1814, Napoleão restitui o domínio papal nos Estados Pontifícios e permite que Pio VII regresse a Roma, onde entrou aclamado pelo povo, em 24 de Maio de 1814.

Napoleão abdica em favor de Luís XVIII e vai desterrado para a ilha de Elba, mas, em Março de 1815, regressa e apodera-se de novo do poder. Murat, rei de Nápoles, marcha sobre Roma e o papa refugia-se em Génova. Por pouco tempo, pois em 18 de Junho de 1815 Napoleão é derrotado pelos Ingleses na Batalha de Waterloo e é desterrado para a ilha de Santa Helena, onde morreu em 5 de Maio de 1821.

De novo em Roma, o papa publica um decreto de amnistia para todos os que o tinham atraiçoado, sobretudo famílias da aristocracia que colaboraram com Napoleão, e dois dias depois assina uma nova Concordata com a França.

Na bula de 7 de Agosto de 1814 restaura a Companhia de Jesus, justificando assim a sua decisão: «No meio de tão perigosas tormentas que atravessa a barca de Pedro não se pode privar por mais tempo a Igreja de tão experientes e ousados remadores». Os Jesuítas retomam a atividade apostólica, sobretudo no campo da cultura e do ensino.

Nos Estados Unidos da América, o catolicismo continua a crescer, pois muitos sacerdotes europeus para lá emigraram fugindo aos problemas que tinham na Europa.

No Oriente, as coisas iam mal, pois na Coreia e na China os cristãos estavam a ser perseguidos e martirizados.

Em Espanha, a agitação política desarticulava a vida católica.

Na Alemanha, foram extintos os três principados eclesiásticos. Mogúncia, Colónia e Tréveris, espoliados dos seus bens e fechadas as escolas.

Em Portugal, as forças maçónicas hostilizavam a religião, espalhando ideais liberais. O governo comunicava à Santa Sé, por alvará de 1 de Abril de 1815, que não consentia nos seus Estados a Companhia de Jesus.

Em 31 de Março de 1821, por uma resolução da Assembleia Constituinte, resultante da revolução de 1820, foi extinta a Inquisição em Portugal, resolução publicada no Diário das Cortes Gerais em 5 de Abril seguinte.

Durante a Inquisição em Portugal, foram queimadas cerca de 1500 pessoas e condenadas mais de 25 000 , entre elas o padre António Vieira, Filinto Elísio, Fernando de Oliveira e Anastácio da Cunha Barbosa.

Pio VII, por bula de 21 de Setembro de 1821, condena as atividades carbonárias e morre, aos 84 anos, depois de uma queda que lhe provocou a fractura do fémur.

Neste pontificado, Roma voltou a ser a cidade favorita dos artistas e Pio VII reabriu os Colégios Alemão, Inglês e Escocês, ampliou a Biblioteca Vaticana, reorganizou a Congregação de Propaganda Fide e incentivou as escavações na Roma antiga.

Pio VII foi um homem com notável capacidade de abnegação, grande piedade e bondade. A sua ação muito contribuiu para uma nova fase do prestigio da Igreja.

 

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LEÃO XII

Pio VI_thumb[1]

Leão XII

(1823-1829)

Os 49 cardeais reunidos em conclave inclinavam-se para a escolha do Cardeal Consalvi, braço direito de Pio VII, que, por ser intransigente e conservador, não agradava aos reis de França e da Áustria, que não queriam um papa demasiado rígido. O conclave acabou por eleger, em 5 de Outubro de 1823, o cardeal Della Genga, um homem enfermo, que chegou a dizer «Elegestes um cadáver», mas acabou por aceitar, tomando o nome de Leão XII, em memória de Leão Magno, que admirava de modo especial.

Mesmo de aspecto débil, mostrou-se um papa reformador e com grande rigor moral. A prova disso é a encíclica por ele publicada em 3 de Maio de 1824, a prevenir os bispos e os fiéis contra os inimigos mais perigosos da Igreja: o indiferentismo religioso, que conduzia ao materialismo, o filosofismo, que espalhava erros entre os incautos, e as chamadas «sociedades bíblicas», de inspiração racionalista e protestante, que, ao difundirem o conhecimento das Escrituras, lhe alteravam o verdadeiro sentido.

Dois anos depois publica a bula Qua graviora contra as sociedades secretas e maçónicas.

Dentro da linha reformista e revigoradora da fé, restituiu o Colégio Romano aos Jesuítas, para a formação superior do clero, estabeleceu o Colégio Irlandês, incrementou os estudos no Colégio Germânico e celebrou o Ano Santo em 1825, em Ação de graças pelos perigos de que a Igreja saíra depois das profanações praticadas durante as campanhas napoleónicas. Nesse Ano Santo, ele próprio visitou descalço as diversas basílicas para ganhar as indulgências.

A nível internacional, assinou concordatas com a Alemanha, Países Baixos e Suíça e interessou-se palas novas nações da América Latina e pelo movimento separatista dos católicos irlandeses chefiados por Daniel O’ Connel.

A propaganda liberal na França e na Inglaterra apresentavam Leão XII como um papa que fomentava o regresso ao obscurantismo e à mentalidade inquisitorial.

Em Portugal, havia a reação aos dois anos de governo liberal e muito embora não se desse grandes destaque à Igreja, tinham acabado as hostilidades do tempo do liberalismo.

Em Roma, Leão XII dizia ao Marquês do Lavradio, que advogava a causa de D. Miguel: «Dizei-me o que posso fazer. Contudo, devo declarar-vos que prefiro D. Miguel a D. Pedro e estimarei ver-me em condições de o poder reconhecer».

Em 1 de Novembro de 1826 as chuvas torrenciais que inundaram a cidade de Tivoli causaram avultados prejuízos, mas Leão XII logo determinou que a cidade só pagasse um quinto dos prejuízos , e o Estado o restante.

Reconstruiu a Basílica de São Pedro, destruída por um incêndio.

Mandou meter os judeus nos guetos que tinham sido suprimidos durante a revolução e baixou os impostos e as custas da justiça.

Foi um papa pouco popular, que não conseguiu conquistar o amor do povo, devido às medidas drásticas que tomou na repressão das sociedades secretas e pela intolerância ao liberalismo político.

 

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Continua:…

Este Post era para ser colocado em 21-3-2013 – 10H30

ANTÓNIO FONSECA

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