Nº 1596 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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PIO VIII
Pio VIII
(1829-1830)
As divergências entre as cortes de França e da Áustria dificultavam a resolução dos cardeais reunidos em conclave, que acabaram por eleger, em 5 de Abril de 1829, o cardeal Castiglione, homem de certa idade, enfermo e quase incapacitado, que tomou o nome de Pio VIII.
Era um homem muito competente, de sólida formação e grande virtude. A sua valentia ficara demonstrada e era lembrada por ter sido feito prisioneiro quando os Franceses invadiram a Itália.
No seu pontificado, de apenas vinte meses, apoiou a independência da Bélgica e dos Países Baixos.
Na Irlanda, os católicos conseguiram a emancipação, graças à atuação de Daniel O'Connell.
Em Portugal, o país estava dividido entre D. Miguel e D. Pedro, mas Pio VIII, embora com palavras amáveis para D. Miguel parecia persuadido da legitimidade de D. Pedro.
No Brasil, consegue levar o imperador D. Pedro a abolir a escravatura.
Na Turquia, acabou com a perseguição aos Arménios e criou um arcebispado em Constantinopla.
A nível interno, publicou uma bula, pela qual estabeleceu que os casamentos mistos, entre católicos e não católicos, apenas seriam válidos quando fosse acordado que os filhos seriam educados na fé católica, e a encíclica Traditi Humiliati, que condenava o indiferentismo religioso, o jansenismo e as sociedades secretas.
Criou o correio do Vaticano; manteve relações com o sultão a favor dos Arménios e validou os decretos do Concilio de Baltimore, de Outubro de 1829, a primeira reunião de bispos realizada nos Estados Unidos.
Faleceu antes da revolução que eclodiu nos Estados Pontifícios.
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GREGÓRIO XVI
Gregório XVI
(1831-1846)
O conclave prolongou-se por quase três meses, devido ao veto persistente dos cardeais espanhóis, até que, em 6 de Fevereiro de 1831, foi eleito o cardeal Cappellari, que tomou o nome de Gregório XVI.
O novo papa era um a pessoa virtuosa , mas demasiado conservador para os tempos, em transição, que exigiam mais politicamente .
A Europa dividia-se entre o absolutismo (Prússia, Áustria e Rússia) e o liberalismo (França e Inglaterra), com agitação noutras nações, como em Portugal. Espanha e na própria Itália, onde a Carbonária, os maçons e os bonapartistas tentavam aniquilar o poder temporal do papa.
A revolução de 1830 alastrou aos Estados Pontifícios e os revolucionários negavam-se a aceitar a autoridade do papa. Gregório XVI enviou um grupo de cardeais para os convencer, mas estes ficaram presos. A ordem acabou por ser restabelecida com a ajuda de um forte exército austríaco.
Impunham-se reformas radicais que foram pedidas pela Áustria, Rússia, França, Prússia e Inglaterra, porém o papa, demasiado conservador, não acedeu aos pedidos. Quando as tropas austríacas se retiraram, rebentou de novo a revolução, que só foi dominada, muito tempo depois, devido a nova ajuda do exército austríaco.
A maior preocupação de Gregório XVI eram os Estados Pontifícios e o seu desenvolvimento, pelo que introduz barcos a vapor, estabelece uma rede de vacinas e cria várias instituições de caridade e assistência, a par de grandes reformas administrativas, jurídicas e financeiras.
Protege as ciências e as artes, funda os museus Etrusco e Egípcio do Vaticano e restaura a Basílica de São Paulo, destruída por um incêndio em 1823.
Os Estados Pontifícios não acompanham o desenvolvimento industrial, há falta de trabalho e a juventude adere às ideias revolucionarias da libertação e unificação italiana.
No campo da disciplina interna, Gregório XVI foi um grande defensor da ortodoxia ameaçada pela ideologia liberal, sobretudo na França.
O sonho de uma Igreja ligada à democracia lava-o a publicar a encíclica Mirari vos, em que expõe os perigos do indiferentismo religioso.
Papa zeloso e atento, condenou o movimento teológico racionalista de Hermes, bem como o anti-racionalismo externo de Bautain, exortou os bispos da Bélgica e da Polónia para que se mantivessem, fora da política, interveio na Alemanha, no conflito sobre os matrimónios mistos, formou uma convenção com o imperador Frederico Guilherme III, condenou na Alemanha um movimento a favor da abolição do celibato eclesiástico e advertiu o czar da Rússia a propósito dos atropelos sofridos pelos católicos.
Fomentou as missões na América e na Oceânia, enviou missionários para a Abissínia, Índia, China, Polinésia e America do Norte e incrementou o número de bispos nos Estados Unidos.
Na Espanha, o liberalismo, apoiado pela Maçonaria, procurava impor-se. O ódio iconoclasta fez incendiar diversos conventos e assassinar dezenas de religiosos em Saragoça, Barcelona e Múrcia. Em 4 de Julho de 1835 foi suprimida a Companhia de Jesus e fechados e confiscados alguns conventos de outras ordens religiosas.
Em 1 de Março de 1841, Gregório XVI faz ouvir a sua voz, lamentando e condenando os roubos e perseguições à Igreja, mas o governo como resposta, pretende nomear párocos, vários capitulares e bispos rejeitados pela Santa Sé, aprisionando os que não queiram obedecer. Elabora ainda um plano de reforma para separar da obediência de Roma, a Igreja de Espanha. Gregório XVI publica uma encíclica a denunciar e a condenar estes intentos.
O perigo foi afastado com um novo ministério saído do movimento de 1843, que derrogou os decretos mais ofensivos para a Igreja e negociou uma concordata promulgada em 1845, onde se reconhecia que a religião da nação espanhola era a católica, apostólica e romana, estabelecendo que o Estado se obrigava a manter o culto e os seus ministros.
Em Portugal, a situação também era alarmante para Gregório XVI, pois o liberalismo movia uma luta pertinaz contra o clero e, de um modo especial, às ordens religiosas.
Pouco depois de coroado, o papa, atento ao que se passava em Portugal, com D. Pedro e D. Miguel a disputarem a coroa, expediu a constituição apostólica Solicitudo ecclesiarum, em que salientava a isenção política da Igreja para tratar dos problemas de ordem espiritual sob qualquer forma de governo.
Pouco depois trocavam-se credenciais entre o governo de D. Miguel e a santa Sé. De Paris, onde se encontrava, D. Pedro faz sentir o seu desagrado ao papa, ameaçando com um cisma. De facto, depois de desembarcar no Mindelo a 8 de Julho de 1832 e tendo entrado em Lisboa, D. Pedro convida o representante da Santa Sé a ausentar-se do reino.
Gregório XVI em 30 de Setembro de 1833, protesta contra essa prepotência e declara nulos os decretos de D. Pedro.
Durante alguns anos continuaram as divergências entre Portugal e a Santa Sé, até que em 1838, o papa, pelo breve Multa praeclare, extingue o privilégio do Padroado de Portugal no ultramar, reduzindo-o ao arcebispado de Goa e aos bispados de Macau, ficando os restantes territórios sujeitos diretamente a vigários apostólicos da Santa Sé.
O governo português, já então com a rainha D. Maria II a reinar, cedeu e as relações diplomáticas foram reatadas em 1841. No ano seguinte, o papa presenteou D. Maria II com a Rosa de Ouro.
Gregório XVI faleceu aos 81 anos, depois de um pontificado austero e cheio e zelo apostólico. Ao receber os últimos sacramentos, disse para os cardeais presentes: «Quero morrer como monge e não como soberano».
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Este Post era para ser colocado em 22-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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