Nº 1599 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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SÃO PIO X
São Pio X
(1903-1914)
O conclave pretendia eleger o cardeal Rampolla, secretário de Estado de Leão XIII, mas o imperador austríaco impôs o seu veto e o conclave acabou por eleger, em 4 de Agosto de 1903, o cardeal Sarto, que tomou o nome de Pio X.
Ao ser eleito, o cardeal começou a chorar e disse: «Aceito o pontificado como uma cruz e, porque os papas que sofreram pela Igreja nos últimos tempos se chamavam Pio, tomo esse nome».
Quando foi coroado, em 9 de Agosto, anunciou o seu programa pontifical numa frase: Omnia instaurare in Christo!, o programa de um bom pastor.
Na sua primeira encíclica, En Supremi Apostulatus Cathedra, manifestava o seu temor der ser digno de suceder a Leão XIII, que governara a Igreja com extraordinária sabedoria, mas Pio X mostrou-se dotado de clarividência e energia à altura das difíceis condições em que então se vivia.
Na França, as relações entre a Igreja e o governo eram tensas e o Parlamento aprova, em 1905, uma lei de separação entre a Igreja e o Estado, em que os bens das dioceses, seminários e institutos religiosos passavam a pertencer a associações culturais do Estado.
Pio X reage com a enciclica Vehementer nobis, reprovando essa violação do direito natural.
Na Itália, os católicos organizavam-se procurando controlar as associações culturais e a Ação Católica crescia em oposição ao liberalismo.
Em Portugal, o sectarismo liberal e maçónico levava ao corte de relações diplomáticas com a Santa Sé, em 1906. Com a proclamação da República, em 5 de Outubro de 1910, a situação agravou-se com a publicação da Lei da Separação, de 20 de Abril de 1911, sendo presos nessa altura diversos sacerdotes. O ministro da Justiça, Afonso Costa, repõe em vigor as leis de Pombal e, mais uma vez, os Jesuítas são expulsos do país ou encarcerados. Proíbem-se o funcionamento de seminários e interdita-se o uso de batina aos sacerdotes, sendo também abolido o antigo «juramento com carácter religioso» da defesa da Imaculada Conceição, uma antiga tradição da Universidade de Coimbra, extingue-se a Faculdade de Teologia e a cadeira de Direito Eclesiástico na mesma universidade. suprime-se o ensino da doutrina cristã nas escolas primárias, decretam-se dias de trabalho todos os dias santos, com exceção dos domingos, proíbe-se as forças do Exército e da Armada de intervir em festas de carácter religioso e cria-se a lei do divórcio, considerando o matrimónio um contrato puramente civil.
Os bispos reagem com uma pastoral, mas o governo proíbe a sua leitura nas igrejas.
Pio X intervém com a enciclica Iandudum in Lusitânia, de 24 de maio de 1911, mas sem resultados práticos.
Na França, surgem os movimentos modernistas e, para combater essa heresia, Pio X publica a encilica Pascendi, junto com o decreto Lamentabili, de 8 de Setembro de 1907, em que refuta esses perigosos erros, vindo mais tarde, em 1910, a impor aos sacerdotes, professores e pregadores um juramento antimodernista.
Preocupado com o revigoramento espiritual da Igreja, cria uma comissão de cardeais, juristas e teólogos para codificação do Direito Canónico, transforma a Acta Apostolicae Sedis em órgão oficial para promulgação dos documentos da Santa Sé, reduz a música sacra à sua dignidade, funda o Instituto Bíblico, sob a responsabilidade da Companhia de Jesus, encarrega os Beneditinos de uma nova edição da Vulgata, promove uma instrução catequista, com um texto oficial ainda hoje útil e indispensável, procede a reformas no Missal e no Breviário, reorganiza as congregações, tribunais e ofícios da Cúria e incrementa a devoção à eucaristia, promovendo congressos eucarísticos e incentivando a comunhão frequente, exterminando as raízes do jansenismo.
Pio X sobressai como um dos maiores papas de todos os tempos. Nenhum papa, desde o Concílio de Trento, realizou profundas mais profundas e eficazes.
Extremamente bondoso e modesto, quando ouvia dizer que era um santo, comentava com um sorriso: «Santo não, Sarto», mas já em vida lhe atribuíam milagres.
Atacado por uma bronquite, faleceu depois de uma vida de pobreza, em que as duas irmãs solteiras, que sempre o acompanharam, tiveram de ser socorridas com uma pensão depois da sua morte.
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BENTO XV
Bento XV
(1914-1922)
Em 3 de Setembro de 1914, o conclave elegeu o cardeal Della Chiesa, que tomou o nome de Bento XV, em atenção ao último papa saído da sua diocese Bento XIV.
O seu pontificado inicia-se com a Europa envolta na Primeira Guerra Mundial. A Itália não estava envolvida, o que permitiu a reunião dos cardeais que o elegeram.
Logo na sua primeira enciclica, Ad Beatissimi, em Novembro de 1914, depois de aludir aos horrores da guerra, denuncia como causa a falta de compreensão entre os homens, desprezo da autoridade, antagonismo de classes e procura do poder terreno.
Como paladino da paz, mostra-se incansável, dando sugestões para a troca de prisioneiros e libertação de civis, tendo, para isso, criado uma Agência de Informações no Vaticano. Consegue, em Março e Novembro de 1915, a troca de cerca de 3500 alemães e 9000 franceses, que, através da Suíça, regressaram aos seus países. Pouco depois, 3000 belgas e 20 000 franceses (mulheres, crianças e velhos) tiveram a mesma sorte.
No principio de 1917, já com os Estados Unidos no conflito ao lado dos Aliados, Bento XV convida os governos a abrir negociações de paz.
Entretanto, a fome abatera-se sobre diversas nações, especialmente a Rússia, onde em 1917 rebenta a revolução bolchevista. Bento XV, abre uma subscrição a favor das crianças esfomeadas e as listas publicadas no Osservatore Romano de Dezembro de 1919 a Dezembro de 1920 revelam a obtenção de um total de 15 milhões de liras, sem falar dos donativos em géneros e víveres.
A enciclica Annus iam plenus, de 1 de Dezembro de 1920, lança novo apelo ao mundo e a nova subscrição atinge 30 milhões de liras.
Pela enciclica Pacem Dei munus, Bento XV reclama os direitos do Estado Pontifício, nunca reconhecido pelo Estado italiano, que impediu a Santa Sé de participar nos trabalhos da Sociedade das Nações, por imposição do delegado italiano.
A situação da Igreja no mundo mostra-se mais positiva com Bento XV, pois em 1914 reatam-se as relações com a Inglaterra, em 1916, com a Holanda, em 1918 com Portugal e, em 1920, com a França, enquanto nações católicas como a Polónia e a Irlanda recuperam a sua independência.
No campo interno, coadjuvado pelo cardeal Gaspari, seu secretário de Estado, ultimou e promulgou o Código do Direito Canónico no Pentecostes de 1917, que esteve em vigor até 1983. Ampliou a jurisdição da Congregação dos Seminários e fomentou a criação de universidades católicas e de diversas faculdades teológicas em vários países.
Em 1917, para maior eficiência, desdobra em duas a Congregação da Propaganda Fide, criando uma congregação especial para a Igreja Oriental, bem como o Instituto Pontifício para o Rito Oriental.
Em Novembro de 1919, na enciclica Maximu illud, dá um vigoroso impulso à missionação dos infiéis, reorganizando as missões católicas extintas.
Em 30 de Julho de 1916 fundou a Cruzada Eucarística, que muito contribuiu para a formação espiritual das crianças.
Durante o seu pontificado canonizou Joana d’Arc e publicou a enciclica In Praeclara, no sexto centenário da morte de Dante.
Durante este pontificado verificaram-se as aparições da Virgem, em Fátima, de 13 de maio a 13 de Outubro de 1917.
Pela bula Quo Vehementius, de 17 de janeiro de 1918, restaurou a diocese de Leiria-Fátima, extinta em 4 de Setembro de 1882 por motivos políticos.
Bento XV faleceu no Vaticano, aquele que ficou conhecido como «pontífice da paz».
Este Post era para ser colocado em 25-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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