Nº 1597 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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BEATO PIO IX
Beato Pio IX
(1846-1878)
O conclave, composto por 50 cardeais, reuniu no Quirinal e em dois dias de reunião ao quarto escrutínio, elegeu, em 21 de Junho de 1846, o cardeal Mastafai Ferreti, que tomou o nome de Pio IX.
Quando foi eleito, Pio IX encontrou a Itália perturbada por movimentos que pretendiam o desaparecimento dos Estados Pontifícios.
O papa inicia o pontificado amnistiando todos os réus de crimes políticos, começando reformas na administração dós Estados Pontifícios e também de ordem social, com a construção de linhas férreas, redução de tarefas aduaneiras, moderação na censura da imprensa e outras, o que agradou ao povo, que chegou a aclamá-lo.
Durante dois anos tudo correu bem, chegando a ganhar fama de papa liberal, patriótico e reformador.
Em 1848, a Áustria ocupa militarmente Ferrara. Pio IX protesta com energia e Garibaldi, que estava na América, aproveita-se da situação e felicita-o, chamando-lhe «reivindicador dos direitos de uma Itália livre», o que não agrada a Pio IX, por ver que se estavam a aproveitar dele. Cria a «Consulta de Estado», para efetuar melhoramentos nos Estados Pontifícios.
Os revolucionários não se contentam, assassinam o primeiro ministro Pellegrino Rossi e forçam a porta do Quirinal.
O papa, retido pela força no Quirinal, e para evitar o pior, concorda em formar um ministério laico, de acordo com as exigências dos revoltosos.
Retido no Quirinal, sem liberdade para dirigir a Igreja, Pio IX consegue fugir disfarçado e refugia-se em Gaeta, no reino de Nápoles, enquanto Roma ficava em poder dos revolucionários, que, depois de abolirem o poder temporal do papa, nomeiam uma Assembleia Constituinte e proclamam a República, em 9 de fevereiro de 1849. Os bens da Igreja são confiscados, retiram aos bispos a jurisdição sobre universidades e escolas, a administração dos hospitais e asilos. Seguem-se profanações, vários membros do clero são assassinados e expulsas comunidades religiosas dos seus conventos.
Pio IX pede ajuda à França, Áustria, Espanha, Nápoles, Prússia e Rússia. Em 29 de Junho de 1848, as tropas francesas restauram a ordem no território, mas foram ainda precisos dois anos para que o papa entrasse em Roma, a 11 de Abril de 1850, entre aclamações do povo.
A verdade, porém, é que com todos estes golpes a Igreja ia perdendo o seu poder temporal, enquanto a Itália ia nascendo como nação independente.
No Piemonte, instigados pelo Conde Benso de Cavour, os revolucionários adquirem força e o conde é eleito presidente do Conselho em 1852, introduzindo, de imediato, reformas de sentido liberal e entrando em conflito com a Santa Sé, retirando aos eclesiásticos o direito de ensinar e confiscando os bens da Igreja. Cavour foi mais longe, consegue o apoio de Napoleão III, de França, que leva os austríacos, principal apoio do papa, a abandonarem os Estados Pontifícios em 1835. O imperador intervém, ficando a França com Sabóia e Nice e o Piemonte com a Lombardia, ocupando no ano seguinte a Toscana e Parma, até ocupar os Estados Pontifícios.
O papa tem apenas Roma e, em 17 de Março de 1861, Vítor Manuel é proclamado rei de Itália.
A Santa Sé reduz-se ao Vaticano, ficando o papa apenas a tratar o governo espiritual da Igreja.
A vida agitada, provocada pela unificação italiana, não impediu, contudo, o papa de ser um governante zeloso da Igreja.
Em 1850 reconstitui na Inglaterra a hierarquia episcopal, perante as reclamações dos protestantes.
Em 1851 assina uma concordata com a Espanha para reorganizar a vida eclesiástica e, em 1853, repõe a hierarquia religiosa na Holanda.
Em 8 de Dezembro de 1854, perante mais de 200 bispos, proclamou o dogma da Imaculada Conceição de Maria, pela bula Ineffabilis Deus.
Em 23 de Setembro de 1856, depois de promover a devoção do Sagrado Coração de Jesus, decretou as suas festas em todo o mundo católico.
Em Portugal, D. Pedro V, depois da proclamação dogmática, determina festejos nacionais e, em 1862, constitui-se em Braga uma comissão para erguer um monumento no Sameiro à Imaculada Conceição, sendo a primeira pedra benzida em 29 de Agosto de 1869.
Em 11 de Fevereiro de 1858, A Imaculada Conceição apareceu a Bernadette Soubirous, uma camponesa de 14 anos, numa gruta perto de Lourdes, na França.
Em 1864, Pio IX publica a encíclica Quanta cura, através da qual condena os erros relacionados com o ensino, a perseguição das ordens religiosas e as relações entre a Igreja e o estado. A encíclica era acompanhada pelo célebre Syllabus.
O impacto produzido pela publicação levou governos de países como a França e a Itália a proibirem a sua divulgação pelos bispos.
Em 1867, fez a celebração solene do 18º centenário do martírio dos santos apóstolos Pedro e Paulo. Nessa altura, Pio IX comunica aos bispos reunidos em Roma que vai realizar um concílio ecuménico, o que parecia impossível dada a insegurança em que se vivia. Garibaldi invade nesse ano os Estados Pontifícios e, apesar de liderar um forte exército, é derrotado pelas tropas dos Estados Pontifícios.
Pio IX cumpre o prometido em 29 de Junho de 1868 publica a bula Aeterni Patris a convocar o Concílio Vaticano I, marcando a abertura para 8 de Dezembro de 1869.
A reação não se fez esperar por parte das forças do racionalismo e do liberalismo, que convocaram uma assembleia internacional para a mesma data, com o intuito de acompanhar as fases do concílio, que, mesmo assim, se realizou e teve resoluções importantes, sendo interrompido por ter rebentado a Guerra Franco-Prussiana, com a França a ter de retirar de Roma os soldados que garantiam a independência e a ordem na Cidade Eterna.
Roma vê-se invadida por revolucionários, edifícios religiosos são transformados em dependências do governo e até a família real passou a viver no palácio episcopal do Quirinal.
Em Paris, a Comuna prende, mata e incendeia. Na Prússia há perseguições, com o governo a apoiar os «velhos católicos» grupo cismático que negava a infabilidade pontifícia. A Áustria denuncia a concordata coma Santa Sé. Na Suíça fecham-se as escolas católicas, prendem-se sacerdotes e proíbem-se ordens religiosas e até no Brasil são presos alguns bispos e sacerdotes.
A Europa causa problemas ao papa, mas em 1871 tem o privilégio de celebrar as bodas de prata do seu pontificado – o único a fazê-lo depois de São Pedro – recebendo felicitações de toda a arte. Cinco anos depois celebra o jubileu dos 50 anos da sua sagração episcopal, o que leva a Roma uma peregrinação de cerca de 400 jornalistas católicos de diversos países.
Pio IX adoece gravemente, todos esperam o pior e o rei Vítor Manuel chega a firmar um decreto ordenando honras fúnebres, mas o papa melhora e é o rei que, pouco depois, morre reconciliado com a Igreja. No leito do rei, Pio IX graceja: «Não contente com ter-me tirado o posto na terra, adiantou-se a ir-mo apanhar também no céu». Pio IX pouco lhe sobreviveu porque faleceu um mês depois.
Um papa que, apesar dos tempos conturbados que viveu, teve as qualidades indispensáveis para assumir o pontificado, possuindo a qualidade mais elevada, a santidade, que lhe foi reconhecida com a beatificação de João Paulo II no ano 2000.
Pio IX com o seu pontificado de quase 32 anos, fica na história da Igreja como o segundo mais longo depois de São Pedro.
No que respeita a Portugal, durante este pontificado, apesar das invasões francesas, da expulsão dos Jesuítas e da extinção de ordens religiosas, o povo continuava fiel às devoções ao Santíssimo Sacramento, à Paixão de Cristo e a Nossa Senhora.
Em Maio de 1851, o cardeal-Patriarca de Lisboa aprovou a devoção do mês de Maria. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que decaíra com a expulsão dos jesuítas, reanima-se com o seu regresso, fundando em Lisboa, em 17 de Abril de 1864, o primeiro núcleo do Apostolado da Oração. O seu inegável influxo foi proclamado, anos depois, em carta pastoral do cardeal-patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira, em 13 de março de 1935, dizendo: «É convicção unânime que principalmente ao Apostolado da Oração se deve a restauração religiosa da nossa pátria, depois da crise de fé e piedade provocada pelo liberalismo do século passado».
Pio IX encontra-se ligado a essa devoção por ter beatificado, em 1864, a confidente das revelações do Coração de Jesus, Santa Margarida Maria.
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Este Post era para ser colocado em 23-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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