Nº 1575 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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BENTO XII
Bento XII
(1334-1342)
Jacques Fournier era um homem humilde que estudou na Universidade de Paris, onde se doutorou em Teologia, entrou na Ordem de Cister e foi nomeado Abade, depois Bispo e Cardeal.
Era um teólogo de renome, sendo o escolhido pelos cardeais eleitores em 20 de dezembro de 1334 e sagrado em 28 de Janeiro de 1335. Tomou o nome de Bento XII e ficou a residir em Avinhão, como já acontecia com todos os papas desde 1305.
Uma das suas principais intervenções como papa foi acabar com as disputas sobre a visão beatifica, definindo como dogma de fé a entrada dos fiéis defuntos na posse da visão beatifica depois da purificação no Purgatório, ou logo após a morte, no caso das crianças batizadas ou dos defuntos não carecidos de purificação, sem ser preciso esperar pelo Juízo Final.
Na mesma constituição, Benedictus Deus, de 29 de janeiro de 1336, se define que «almas mortas em pecado mortal vão de imediato para o inferno, onde padecem penas infernais».
Bento XII foi o maior reformador entre os papas de Avinhão, a começar na cúria pontifícia e acabando nas ordens religiosas, revogando todas as concessões feitas pelos seus antecessores e até algumas por ele próprio feitas no início do seu pontificado, para evitar as queixas sobre desigualdades e abusos.
Esta decisão provocou animosidade, mas o exemplo da sua vida austera e piedosa, isenta de qualquer nepotismo, eram a sua defesa e justificação.
Diz-se que pensou no regresso a Roma, tendo mandado fazer reparações na basílica de São Pedro e na de São João de Latrão, mas tal não foi possível, devido às pressões do rei de França, e por isso deu começo à construção do palácio papal de Avinhão.
Com as agitações sociais e politicas eram muitas, o palácio constitui uma autêntica fortaleza, com 133 x 82 metros edificados, em estilo gótico, a condizer com a austeridade monacal de Bento XII, e só ficou concluído no pontificado de Clemente VI.
Esforçou-se por conseguir o reatamento da união com a Igreja do Oriente.
Distinguiu-se pela sua erudição, piedade e inteireza de carácter e até por certa competência diplomática, embora sem se libertar da influencia de Filipe VI, rei de França, rejeitando a aproximação proposta pelo imperador alemão, Luís de Baviera, que acabou por se aliar a Eduardo III, de Inglaterra, contra o monarca francês, dando início à guerra dos Cem anos.
Foi feliz na conciliação de D. Afonso IV, de Portugal, e Afonso XI, de Castela, que tornou possível a vitória de ambos os monarcas contra os mouros de Granada e aliados do Norte de África, na Batalha do Salado, em 3 de Outubro de 1340.
Bento XII morreu, depois de prolongada e dolorosa doença e ficou sepultado na Catedral de Avinhão.
Foi o primeiro papa a usar a mitra de tríplice coroa, símbolo do tríplice poder ou dignidade pontifícia: real, imperial e sacerdotal.
No seu pontificado, a 8 de Abril de 1341. o poeta Petrarca foi coroado no Capitólio de Roma, pelo senador Ursus D’Anguillara, como «Magnum poeta et historicam», perante o povo entusiasmado.
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CLEMENTE VI
Clemente VI
(1342-1352)
Formado pela Universidade de Paris e eleito cardeal pela sua inteligência e cultura, aliadas a uma grande simplicidade e simpatia, foi amigo íntimo e conselheiro de Filipe VI, rei de França. E foi este cardeal, Pierre Roger, que foi eleito em 7 de Maio de 1342, 13 dias após a morte de Bento XII, tomando o nome de Clemente VI, porque desejava que a clemência fosse a característica do seu pontificado. De facto, os historiadores assim o classificam : «Clemente, clementíssimo, espelho de clemência».
Contudo, a par de se preocupar com os mais desfavorecidos, Clemente VI gostava do luxo e da ostentação, como senhor temporal, e protegia excessivamente os parentes e os amigos, com evidentes sinais de nepotismo.
Por este desejo de ostentação, Avinhão enchia-se de artistas, pintores, poetas, escultores, médicos e até clérigos ávidos de benesses.
Esta tendência de Clemente VI levou-o a comprar a cidade de Avinhão, tornando-a propriedade da Santa Sé. Talvez por isto, Roma não conseguiu o seu desejado regresso, pois o papa sempre o ia adiando, dizendo que era prioritário conseguir a união entre os reinos de França e de Inglaterra.
Entre 1348 e 1350, a peste negra, vinda da China, flagelou a população europeia, matando cerca de 40 milhões de pessoas. Em Avinhão, uma pequena cidade, chegavam a morrer 400 pessoas por dia e, nesta emergência, o papa deu um exemplo da sua tão falada bondade, cuidando o mais possível de todos e não abandonando a cidade. Por ser necessário, comprou, do seu bolso, um terreno para um cemitério, pagando a médicos e a coveiros.
Depois da calamidade, surgiu na Alemanha, um movimento de penitentes que percorriam as ruas, seminus, flagelando-se e cometendo desmandos contra o clero que pretendiam dissuadi-los e contra os judeus, que acusavam de terem lançado malefícios e serem causadores de todos os males.
Clemente VI foi enérgico defendeu os judeus, que eram, queimados aos milhares na Alemanha e na França, ameaçou de excomunhão quem os molestasse e decretou a prisão para os responsáveis, tanto mais que o fanatismo degenerava em heresia.
Impressionado com a desolação que a epidemia provocara na Cristandade, Clemente VI proclama o jubileu do Ano Santo em 1350, encurtando o período dos 100 anos que Bonifácio VIII estabelecera.
A Europa deslocou-se a Roma e o túmulo dos apóstolos foi o mais visitado, mas nem assim o papa deixou Avinhão.
Clemente VI nomeou 25 cardeais, sendo que apenas quatro não eram franceses e, entre eles, um sobrinho que seria, mais tarde, o papa Gregório XI.Com a sua ideia de vida faustosa, desbaratou parte dos tesouros de arte papais , dai resultando a desorganização financeira, que depois da sua morte onerou a Igreja.
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INOCÊNCIO VI
Inocêncio VI
(1352-1362)
Os 26 cardeais eleitores reunidos em conclave quiseram eleger o geral dos Cartuxos, João Birel, tido como pessoa austera que evitaria a vida faustosa de Clemente VI, mas, ou porque ele não aceitou, ou por temerem que se parecessem com Celestino V, que se mostrou incapaz politicamente, elegeram em 18 de Dezembro de 1352, o cardeal francês Étienne Aubert, que tomou o nome de Inocêncio VI.
A eleição sugeria um pacto: o novo papa teria de admitir que o seu poder temporal e espiritual ficava limitado em beneficio do Sacro Colégio Cardinalício. Qualquer nomeação, castigo ou destituição de cardeais, a investidura dos fundos, a anexação dos bens eclesiásticos e a provisão nos cargos nos domínios pontifícios não se fariam sem a anuência do Sacro Colégio, mas o futuro papa só assinaria este pacto – se ele estivesse conforme ao direito».
Logo após a tomada de posse, Inocêncio VI declarou que não estaria sujeito a tal pacto, o que o tornava nulo, pois, além de ser uma espécie de coação, limitava os poderes absolutos conferidos por Cristo aos seus representantes.
Como homem de costumes simples e piedosos, não enveredou pelo fausto e ostentação e procurou introduzir reformas de austeridade na corte pontifícia, reduzindo o número de empregados parasitas, colocando nos cargos de responsabilidade pessoas de comprovada competência e aboliu privilégios e acumulação de benefícios, obrigando a residirem nas suas dioceses os prelados que pretendiam governá-las.
No aspecto político não foi hábil e apenas conseguiu algumas tréguas na guerra entre a França e a Inglaterra.
Em 1360, com Avinhão e toda a Provença ameaçada por hordas de bandoleiros provenientes de Itália, o papa pregou uma cruzada, sendo auxiliado por D. João Fernandes de Herédia, que acorreu com 1600 soldados recrutados em Aragão, mas a ameaça só foi afastada com a entrega de 14 000 florins aos assaltantes.
Perante isto, Inocêncio VI pensou regressar a Roma, apesar da anarquia que reinava nos Estados Pontifícios, e, para tal, enviou o cardeal espanhol Gil Alvarez de Albornoz, arcebispo de Toledo, para lhes restituir a paz. Se o papa tem regressado logo a Roma, seria recebido em triunfo, mas não o fez por receio e opor doença e a oportunidade perdeu-se.
Morreu em Avinhão e ali foi sepultado.
O seu amor à literatura levou-o a convidar Petrarca para seu secretários, mas o poeta, cioso da sua independência, não aceitou o cargo.
Um senão deste pontificado foi o de Inocêncio VI ter elevado vários parentes a dignidades eclesiásticas das quais eram indignos.
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Este Post era para ser colocado em 1-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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