Nº 1583 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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LEÃO X
Leão X
(1492-1503)
O conclave começou por ler a bula de Júlio II contra a simonia e jurando respeitar as suas decisões. Foi uma escolha difícil e só em 11 de Março de 1513 se decidiram pelo cardeal Giovanni de Médicis, que tomou o nome de Leão X e foi bem acolhido pelo povo.
Uma vez eleito tratou da continuação do Concílio de Latrão, interrompido pela morte de Júlio II, orientando-o para a obtenção da paz e para a reforma eclesiástica, atendendo também a questões no campo da fé, como a da imortalidade da alma.
Dois anos depois, Francisco I, sucede a Luís XII e invade a Itália. Leão X não hesita, vai encontrá-lo em, Bolonha e negoceia a paz, assinando a Concordata de 1516.
Entretanto, em Roma, tece-se uma conspiração destinada a substitui-lo pelo cardeal Alfonso Petrucci. Nada conseguem, Petrucci é executado, os cardeais que estavam com ele, destituídos e Leão X nomeia 31 novos cardeais, entre familiares e amigos de confiança.
Preocupados com a ameaça turca, envia legados aos monarcas cristãos a convocá-los para uma cruzada comum, mas a morte do imperador alemão inviabilizou qualquer acordo, tanto mais que a sucessão provocou situações de guerra entre Francisco I, de França, e Carlos V, de Espanha.
Surge então o grande problema da Reforma protestante, provocado por Martinho Lutero, um teólogo e religioso alemão, de Santo Agostinho, sacerdote por falsa vocação, com interpretações pessoais da Bíblia e teorias estranhas sobre a fé, pregando contra a venda de indulgências, que considerava simoníaca. Pouco profundo, em teologia, mas orador brilhante, encontrou muitos seguidores na Alemanha.
No anos seguintes, Lutero afixa nas portas da Igreja da Universidade de Wottenberg as suas 95 teses, nas quais incluía uma série de doutrinas opostas ao ensino tradicional da Igreja. Leão X não reagiu com o vigor que a situação exigia, limitando-se a convidar Lutero a vir a Roma, mas ele, escudado pelo imperador, recusou-se. Como não podia deixar de ser, foi então excomungado por bula de 3 de Janeiro de 1521.
Lutero ainda fez uma tradução falseada da Bíblia, que teve grande sucesso para a causa.
Em Maio de 1521, depois de ferido e prisioneiro dos Franceses, em Pamplona, o capitão espanhol Inácio de Loiola converte-se e funda a Companhia de Jesus, que viria a ser o grande baluarte da Igreja na luta da Contra-Reforma.
Tendo Henrique VIII, rei de Inglaterra, publicado um tratado teológico em latim contra a heresia de Martinho Lutero, intitulado os Sete Sacramentos, o papa conferiu-lhe o título de «defensor da fé», que desde então passou aos seus sucessores, não tendo a Igreja Católica nação alguma na Europa que zelasse tanto pela pureza da sua fé como a Inglaterra.
Leão X, com pouca influencia no campo espiritual, destacou-se no campo das artes, transformando Roma na pátria de todos os artistas, eruditos e literários, revelando-se ele próprio poeta, músico, arqueólogo e filósofo, dotado de vasta cultura.
Morreu em Roma, vitimado por febres palúdicas e uma septicemia.
Leão X foi particularmente devoto da Santíssima Virgem, instituindo em Roma a festa do Santíssimo Nome de Maria, estabelecendo a celebração da Imaculada Conceição, na Polónia, e impondo silêncio às disputas entre franciscanos e dominicanos acerca desta prerrogativa da Mãe de Deus, declarando não ser de reprovar os que creem neste privilégio mariano.
Concedeu, pela bula, Pastor aeterni, de 1521, diversas indulgências à Confraria do Rosário, exortando «às práticas salutares de piedade e de modo particular, ao culto do Pastor Eterno e de sua Santíssima Mãe de Deus e sempre Virgem Imaculada, nossa advogada».
Portugal ficou a dever a Leão X a nomeação do seu primeiro embaixador junto da cúria romana, o Dr. João de Faria ( 15-12-1514).
Como preito de homenagem e obediência, D. Manuel I enviou-lhe, em Março de 1514, a célebre embaixada chefiada por Tristão da Cunha, com ricos presentes, primícias do comércio marítimo com a Índia.
A embaixada foi um espetáculo que deslumbrou Roma digna de príncipes do Renascimento.
Maravilhado, Leão X deu ordem para que a comitiva portuguesa entrasse de graça nos espetáculos públicos enquanto estivesse em Roma, o que deu origem ao termo italiano portoghesi, atribuído aos borlistas que procuram entrar sem bilhete.
Leão X concedeu a Rosa de Ouro a D. Manuel I, pelos altos serviços prestados pelo nosso país à Cristandade e ainda o chapéu ducal e a espada de honra, benzida pelo papa na noite de Natal, uma das mais altas distinções concedidas pela cúria romana.
Mas houve mais quanto a Portugal. Pela bula Dum fidel constantiam, de 7 de Junho de 1514, menciona-se pela primeira vez o padroado dos reis de Portugal sobre os territórios ultramarinos, com direito de apresentação episcopal para todas as terras adquiridas nos dois últimos anos e para as que no futuro viessem a ser adquiridas, continuando as restantes, anteriores, a pertencer à Ordem de Cristo, em conformidade com a bula Inter caetera, de Calisto III, de 13 de Março de 1456.
Em 31 de Março de 1516, o breve Dudum pro parte confere aos reis de Portugal o direito universal de padroado em todas as igrejas e territórios sujeitos ao seu domínio.
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ADRIANO VI
Adriano VI
(1522-1523)
Era de uma família humilde, mas, de grande inteligência, conseguiu formar-se, vindo a ser vice-chanceler da Universidade de Lovaina, onde teve como discípulo o célebre Erasmo de Roterdão; posteriormente, foi preceptor do futuro imperador Carlos V (1506) e depois seu ministro, tentando em vão reconciliá-lo com Francisco I.
Durante alguns anos teve influência em Espanha, como bispo de Tortosa e chefe inquisidor em Aragão e Navarra, e até chegou a ser regente do reino, com o cardeal Cisneros, numa ausência prolongada do imperador Carlos V.
Foi eleito em 9 de Janeiro de 1522, depois de um conclave de 14 dias, com os cardeais divididos entre as pressões do imperador alemão e do rei de França e foi o último pontífice não italiano antes do papa João Paulo II.
Como papa procurou deter o protestantismo mediante uma reforma profunda no interior da igreja. Desprezando os luxos dos salões de Leão X, acomodou-se com simplicidade num recanto do Vaticano, na companhia de um secretário, um criado e uma velha ama que trouxera da Holanda.
O seu curto pontificado foi toldado por problemas com Martinho Lutero, que até se permitia zombar dele e, também porque teve de enfrentar a campanha dos turcos comandados por Solimão, o Magnifico, contra o Mediterrâneo.
Não só Lutero, mas também Roma o atacava através dos mundanos e dos parasitas que expulsara do Vaticano, por ser estrangeiro, chegando ao ponto de lhe atribuírem a culpa de uma peste que assolou Roma.
O ódio era tanto que, tendo sido sepultado entre Pio II e Pio III, alguém escreveu sobre a sepultura: «Hic hacet ímpios inter Pios».
Foi um papa que tudo fez para reformar a Igreja e o último papa não italiano, até João Paulo II, eleito em 1978.
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CLEMENTE VII
Clemente VII
(1523-1534)
O cardeal Giulio de Médicis foi eleito em 19 de Novembro de 1523, com o nome de Clemente VII.
Aquando da eleição, Francisco I, de França, e Carlos V estavam em guerra. este tinha apoiado a candidatura de Clemente VII, mas o papa, menos de um mês depois, assinou um tratado com a França.
Carlos V, com a ajuda da família Colonna, inimiga dos Médicis, soldados espanhóis e mercenários alemães, toma Roma em 6 de maio de 1527, no que ficou conhecido como «saque de Roma», tendo o papa de se refugiar no castelo de Santo Ângelo e pedir ajuda à liga de Cognac.
Sem conseguir livrar-se e ninguém mais a quem recorrer, solicita a proteção de Carlos V, assina com ele um tratado que o favorecia e coroa-o imperador em Bolonha.
Surge então o problema inglês. Henrique VIII quer divorciar-se de Catarina de Aragão e casar-se com Ana Bolena. Carlos V, sobrinho da rainha, opõe-se ao divórcio e Clemente VII tem de o apoiar não permitindo a anulação do casamento.
Henrique VIII, depois de mandar matar Thomas Moore e John Fischer, em 1535, por se oporem aos seus desígnios, apoiando a decisão do papa, casa-se com Ana Bolena. Rompe todos os laços com o papado e, em 3 de Novembro de 1534, o Parlamento reconhece-o como cabeça suprema e única da Igreja da Inglaterra. Henrique VIII, que tinha sido proclamado por Leão X «defensor da fé», transforma-se em rei-papa de Inglaterra, tornando-se o chefe máximo da Igreja Anglicana.
Clemente VII, que excomungou sem qualquer efeito Henrique VIII, morreu com o coração desfeito pelos seus inêxitos.
Neste pontificado, Inácio de Loiola apresentou na colina de Montmartre, em Paris, os seus intentos de formar um exército espiritual para defender a fé com obediência ao pontífice romano – a Companhia de Jesus.
Clemente VII favoreceu a expansão missionária em Portugal.
Thomas Moore e John Fisher, mandados matar por Henrique VIII, foram canonizados em 1935 pelo Papa Pio XI.
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Este Post era para ser colocado em 9-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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