domingo, 10 de março de 2013

Nº 1584 - (3) - A VIDA DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - 10 de Março de 2013

Nº 1584 - (3)

BOM ANO DE 2013

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Caros Amigos:

Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)

segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.

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PAULO III

Paulop III

Paulo III

(1534-1549)

O cardeal Farnese foi eleito em 13 de Outubro de 1534, após um dia de escrutínio e por unanimidade, escolhendo o nome de Paulo III.

A sua vida tinha sido pouco edificante, mas mudou completamente após ser ordenado aos 51 anos.

Homem culto e amante das artes, era um diplomata nato.

Logo que foi eleito, o imperador alemão e o rei francês procuraram atraí-lo para a sua órbita, mas Paulo III soube manter-se prudentemente neutro, enviando legados a ambos, convidando-os à reconciliação. Convocou-os depois para Nice, com vista a chegarem, a acordo, mas o melhor que conseguiu foi uma trégua de dez anos, confirmada em 18 de Setembro de 1544.

Dedicou-se então à abertura do Concilio de Trento, convocado em 1536, começando também pela reforma da Cúria e dos Tribunais Apostólicos, encarregando a Dictamen, que os regularia, a homens competentes.

Um dos pontos principais dessa reforma consistia na obrigação de residência permanente nas dioceses imposta aos bispos, que, deixando as almas entregues ao clero, usufruíam os proventos dos bispados, como meio de vida, residindo longe. Nessa mesma linha de reforma se deve a reorganização do Santo Ofício, ou Inquisição, pela bula Licet ab initio, de 1542, e a publicação do Índice dos Livros Proibidos, em 1543, em face do crescente número de publicações de ideias protestantes.

Finalmente, a 13 de Dezembro de 1545, deu-se início ao Concilio de Trento, com a presença de quatro cardeais, quatro arcebispos, 21 bispos e cinco gerais de ordens religiosas, com os teólogos pontifícios, Lainez e Salmeron, membros da Companhia de Jesus.

De Portugal estiveram presentes os dominicanos, Jorge de Santiago, Gaspar dos Reis, Jerónimo de Azambuja e, mais tarde, D. Frei Baltasar Limpo, bispo do Porto.

O primeiro decreto dogmático do concílio incide sobre as fontes da fé católica – a Sagrada Escritura e a tradição apostólica – anatematizando os que rejeitassem, no todo ou em parte, qualquer dos livros Sagrados. Dada a importância do assunto e para obstar ao perigo de traduções adulteradas, ficava proibida a impressão do texto sagrado, total ou parcialmente, sem a devida autorização da autoridade competente.

Prescreveu-se a todos os prelados a obrigação de criar cadeiras para o estudo da Sagrada Escritura em todas as igrejas, catedrais e colegiadas.

O concílio elaborou ainda decretos dogmáticos, face aos erros difundidos pelo luteranismo, como os referentes ao pecado original e à justificação. Quanto ao pecado original, transmite-se por herança e não por simples imitação, inerente à própria propagação do género humano, com a única exceção do privilégio da Santíssima Virgem. por sua vez, a justificação não pode basear-se apenas na fé, como pretendia Lutero, sob pena de se negar o livre-alvedrio e tirar qualquer mérito ou responsabilidade aos procedimentos humanos. Os 16 capítulos e 33 cânones que a expõem são uma obra-prima da prudência e clareza.

O decreto tridentário estabelece a justificação entre os extremos do protestantismo (pela fé) e do pelagianismo (pelas forças naturais), ou seja, a justificação consegue-se pela graça de Cristo, a qual não elimina a responsabilidade dos atos humanos.

Uma inesperada epidemia começou a fazer vítimas entre os participantes e o papa, que suspendeu o concílio, morria, entretanto, no Quirinal e era enterrado em, São Pedro.

Lutero tinha falecido em Fevereiro de 1546 e um ano depois, em Janeiro de 1547, morria Henrique VIII, deixando viva a sexta mulher, Catarina Parr. Durante a menoridade de Eduardo, seu sucessor, Thomas Cramer, arcebispo de Cantuária, deu o impulso necessário para a protestantizaçao da Inglaterra. A partir de então, o cisma transforma-se em heresia e a ruptura com Roma foi irremediável.

Entretanto a Companhia de Jesus, que Paulo III aprovou em 27 de Setembro de 1540, ia ser o grande suporte da ação cultural e missionária da Igreja e São Francisco Xavier embarca para Goa e Japão, ao serviço de Portugal, em Abril de 1541.

Em 1540, Paulo III aprovou a Congregação dos Clérigos Regulares, fundada por São Jerónimo Emiliano, e outra Ordem dos Clérigos, fundada por Santo António Maria Zacarias, e a Ordem das Ursulinas, fundada por Santa Ângela de Merici.

No que se refere a Portugal, Paulo III concedeu a D. João III, pela bula Cum ad nihil magis, de 23 de Maio de 1536, a introdução do Tribunal da Inquisição em Portugal, composto por três inquisidores-gerais, os bispos de Lamego, Coimbra e Ceuta, mas gozando de autoridade limitada aos crimes de fé e com o prévio julgamento dos culpados, para se apurar a gravidade das suas faltas.

As restrições não agradaram a D. João III, que fez diligências em Roma para ter uma Inquisição livre, o que conseguiu pela  bula Meditatro cordis, de 16 de Julho de 1547, pelo que criou tribunais do Santo Ofício em Lisboa, Évora, Coimbra, Porto, Lamego, Tomar e Goa.

Este papa tem também uma curiosa ligação aos Açores, mais exatamente à cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel onde é venerada a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, pois esta imagem foi oferecida por Paulo III. De facto um grupo de jovens deslocou-se a Roma para pedir ao papa uma bula apostólica de modo a viverem canonicamente, segundo a regra de Santa Clara. no convento da Caloura, Paulo III acedeu e fez-lhes a oferta da imagem.

Por causa do assédio dos corsários, os condes de Vila Franca do Campo mandaram as jovens para Ponta Delgada com a imagem, após mandarem erigir em 1541 aquele que veio a ser chamado o Convento de Nossa Senhora da Esperança.

Como último papa do Renascimento, Paulo III apoiou o desenvolvimento das artes e foi no seu pontificado que Miguel Ângelo terminou, na Capela Sistina, a obra imortal o Juízo Final e se encarregou dos projetos de construção da cúpula de São Pedro e da restauração do Capitólio.

 

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JÚLIO III

Júlio III

Júlio III

(1550-1555)

O conclave reuniu-se em 29 de Novembro de 1549, mas a eleição só aconteceu em 8 de Fevereiro de 1550, com os 47 cardeais divididos entre partidários do imperador alemão e do rei de França.

Eleito com o nome de Júlio III, o povo recebeu-o com manifestações de regozijo, fazendo uma mascarada carnavalesca pelas ruas, com touros e corridas de jovens. O espetáculo agradou tanto a Júlio III que durante o seu pontificado algumas vezes o repetiu para contentar as multidões.

Foi um papa condescendente, afável, mostrando-se liberal com o povo.

Empenhou-se na reforma da Igreja e num consistório, em 10 de Março de 1550, afirmou que grande parte do mal estava na avareza dos principais representantes da Cúria, na injusta distribuição dos benefícios e no exagerado luxo dos eclesiásticos e que, por isso, a reforma teria de começar por aí.

Teve grande mérito ao reabrir o Concilio de Trento, no qual, na primeira fase, se havia distinguido na qualidade de representante do papa Paulo III, seu antecessor.

Neste concílio, de 1 de maio de 1551 a 28 de Maio de 1552, foram tratados assuntos de grande e inegável importância, tais como: o culto à eucaristia, a sua conservação nas igrejas e a obrigação de comunhão pascal anual, bem como a indispensável preparação para esse ato.

Debatido o sacramento da penitência, onde são de salientar as participações de Diogo Lainez e do teólogo dominicano Melchior Cano, ficaram firmadas a distinção entre penitência e baptismo e a obrigatoriedade da explicação verbal dos pecados, não bastando a confissão interior feita a Deus.

No campo disciplinar, reafirmou-se a jurisdição episcopal, as suas obrigações pastorais e a necessidade de reforma do clero.

Com espírito ecuménico, convidaram os protestantes a comparecer em Trento para exporem a sua doutrina, mas estes revelaram não estar interessados em aclarar a verdade.

A situação política agravou-se e houve nova interrupção do concílio, mas Júlio III persistiu em dar realidade à reforma eclesiástica. Assim: mudança radical no funcionamento dos conclaves, para evitar intromissões politicas; os cardeais deveriam ser verdadeiros conselheiros e consultores do papa; os bispos ficariam obrigados a residir no seu bispado e a visitá-lo pastoralmente; a admissão ao sacerdócio devia ser mais exigente e rigorosa. Foi nomeada uma comissão para a efetivação desta reforma, tendo Júlio III trabalhado intensamente com ela.

No campo internacional o papa destacou-se com o apoio a Maria Stuart, quando esta, em 1553, se propunha restabelecer na Inglaterra a fé católica, entretanto desviada para o protestantismo, Júlio III enviou a Inglaterra o cardeal Reginaldo Polo para ajudar a rainha a concretizar a desejada união, que chegou a ser oficialmente decretada em Janeiro de 1555. Pouco depois chegou a Roma uma embaixada inglesa para estreitar as relações com a Igreja Católica.

Entretanto, Júlio III faleceu sem ver concretizada a desejada união.

O pontificado fica ainda marcado pela sua confiança na Companhia de Jesus, ao confirmar, em 1550, a sua aprovação e ao entregar-lhe o Colégio germânico de Roma.

Em quatro séculos de existência formaram-se na Companhia mais de 7000 alunos, entre os quais um papa,Estrela  29 cardeais, 57 arcebispos, 330 bispos e 50 mártires.

Neste pontificado deu-se a expansão missionaria, tanto no Oriente como na America Latina. No Oriente, o grande apóstolo São Francisco Xavier, que morreu em 1552, depois de intensa atividade em Goa e no Japão, e na América Latina a construção pelos missionários jesuítas padre Manuel da Nóbrega e beato José Anchieta, do Colégio de São Paulo, de onde viria a nascer a atual grande cidade brasileira de São Paulo.

Júlio III morreu deixando a Igreja lançada na Contra-Reforma e na cristianização dos novos mundos.

Estrela Também o papa FRANCISCO I eleito em 13-3-2013 veio da Companhia de Jesus!!!

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MARCELO II

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Marcelo II

(1555)

O cardeal Marcelo Cervino, homem de comprovada virtude, humilde e piedoso, foi eleito papa em 10 de Abril de 1555, tomando o nome de Marcelo II.

Esperava-se dele uma reforma eclesiástica para a qual estava disposto e capacitado. De facto, começou por abolir os festejos habituais pela altura da eleição papal, mandando distribuir pelos pobres o que neles se devia ter gasto e lançou-se afanosamente na continuação do concílio.

Infelizmente para a Igreja, uma morte prematura, levou-os aos 54 anos de idade, tendo sido apenas papa 21 dias.

Aprovou a Companhia de Jesus, de quem esperava ajuda para a reforma que pretendia efetuar.

Um seu sobrinho, São Roberto Belarmino, também jesuíta, veio a ser um grande Doutor da Igreja e influente na Contra-Reforma.

O nome deste papa ficou célebre pela missa polifónica intitulada Missa papae Marcelli, da autoria do famoso compositor Palestrina.

O historiador Pietro Sarpi deixou dele testemunho: «Homem grave, severo e constante, que, contra o costume dos seus antecessores, quis conservar o seu nome de baptismo, em prova de firmeza e como para dar a entender que nova dignidade não o tinha feito mudar».

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Continua:…

Este Post era para ser colocado em 10-3-2013 – 10H30

ANTÓNIO FONSECA

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