sábado, 9 de março de 2013

Nº 1579-3 - A VIDA DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - (77) - 5 de Março de 2013

Nº 1579 - (3)

BOM ANO DE 2013

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Caros Amigos:

Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)

segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.

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MARTINHO V

Martinho V

Martinho V

(1417-1431)

Ainda cardeal, abandonou a Cúria de Gregório XII e no Concílio de Pisa tomou parte na eleição dos antipapas Alexandre V e João XXIII.

Com os problemas do pontificado anterior, verificou-se uma sede vacante de quase dois anos e meio, até que no Concílio de Constança, composto de 23 cardeais, da Alemanha, França, Itália, Espanha e Inglaterra, até então em litígio, elegeram em 11 de Novembro de 1417 o diácono Oddone Colonna, que tomou o nome de Martinho V, um papa, indiscutivelmente legitimo, que punha fim ao cisma que durara 40 anos e que permitia que a Igreja tivesse novamente uma cabeça quase universalmente reconhecida.

Ao ser eleito, não era mais do que subdiácono com o título honorífico de cardeal, pelo que foi ordenado diácono, sacerdote, consagrado bispo e coroado papa, no palácio episcopal de Constança.

Martinho V, que não se destacava por dotes de ciência ou de letras, logo mostrou o acerto da sua eleição.

Era um homem modesto e conciliador, mas também enérgico e realizador.

Um dos primeiros atos do seu pontificado, ainda no decorrer do Concilio de Constança, foi a publicação duma bula em que condenava os erros de Wiclef (1320-1384), já condenados por Gregório XI, e os erros de Jan Huss (1364-1415). No prosseguimento do concílio, confirmou as penas canónicas contra a simonia e proibiu a acumulação de benefícios. Martinho V deu por encerrado o concílio em 22 de Abril de 1418 e determinou que o próximo se realizaria em 1423, em Pavia.

Decretou também a proibição de se apelar para o concílio contra o papa, rejeitando assim a superioridade do concílio sobre o papa, votada em Constança.

Como Roma continuava agitada e ocupada pelos Napolitanos, o papa permaneceu em Constança, até que em Maio de 1418 se dirigiu para Milão. Daí passou a Florença, onde recebeu a retratação do arrependido João XXIII e os embaixadores de Constantinopla, procurando a união das duas igrejas.

Finalmente, com Roma pacificada, ali entrou em 30 de Setembro de 1420, encontrando a cidade completamente arruinada e por isso começou, imediatamente, por criar uma polícia especial contra os bandidos e os vadios.

Procurou consolidar os Estados Pontifícios, dando coesão aos municípios e províncias e reduzindo o predomínio das famílias principais, que se consideravam superiores às próprias leis.

No campo espiritual, publicou, em 1423, a celebração dum jubileu pregado por São Bernardino de Sena e procurou incrementar a devoção à eucaristia e ao culto dos santos.

Dando seguimento às determinações do Concilio de Constança, o concílio indicado para Pavia teve de ser transferido para Siena, onde se iniciou em 23 de Março de 1423. O concílio foi de escassa importância, limitando-se a condenar novamente as heresias de Huss e a excomungar os ainda seguidores de Bento XIII. Foi ainda determinado que o próximo se realizaria em 1431, em Basileia, a que o papa já não assistiu, pois faleceu em Roma, aos 63 anos de idade, vítima de apoplexia.

No dizer dos historiadores da época, o povo chorou-o como se tivesse perdido o melhor dos pais e o epitáfio do seu sepulcro exalta-o com temporum suorum felicitas.

No que respeita a Portugal, Martinho V interveio nos confrontos entre a autoridade real e a Igreja e sabendo dos vexames que D. João I infligia ao clero, expediu uma bula aos metropolitas de Braga e Lisboa, na qual, depois de se referir ao abusos perpetrados pelo rei, mandava que lhe fossem enviadas a Roma pessoas idóneas para tratarem com  ele do assunto.

D. João I receoso, apressou-se a reparar os agravos, firmando com os bispos reunidos em Santarém, em 30 de Agosto de 1427, uma concordata com 94 artigos para sanar os diferendos.

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BENTO XIV - ANTIPAPA

Bento XIV

(1425-1430)

Pouco se conhece da vida deste antipapa, sabendo-se que foi um dos que surgiram da jura feita a Bento XIII à hora da morte, pelos cardeais que lhe eram fiéis.

 

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EUGÉNIO IV

Eugenio IV

Eugénio IV

(1431-1447)

Gabriele Condulmaro ficou rico ainda muito jovem e decidiu doar 20 000 ducados aos pobres e entrar no mosteiro dos monges agostinhos.

Antigo eremita de Santo Agostinho, o cardeal Gabriele Condulmaro impôs-se ao concílio pela sua virtude e austeridade, vindo a ser eleito papa, com o nome de Eugénio IV, em 3 de Março de 1431, e coroado em Roma a 11 do mesmo mês.

Por uma bula publicada após a eleição comprometeu-se a reunir um concílio para reforma da igreja e a não tomar nenhuma decisão importante sem consultar o Colégio Cardinalício.

Entretanto, outros parentes de Gregório XII fazem-lhe oposição, porque depois de saquearem o tesouro da Santa Sé pretendiam conservar a propriedade do Castelo de Santo Ângelo e outras localidades, o que obrigou Eugénio IV a lançar sobre eles a excomunhão.

Para prosseguir e concretizar a reforma convocou o concílio de Basileia, que teve pouca concorrência devido à guerra entre a França e a Inglaterra. Declara o concílio encerrado, transferindo-o para Bolonha.  A bula da dissolução foi mal recebida pelos prelados e pelos doutores, que, sob  a proteção do imperador Segismundo, reafirmaram a autoridade do concílio superior à do papa. Da Universidade de Paris chegou também uma mensagem violenta contra o papa.

Temendo o pior, Eugénio IV mostra-se disposto a reabrir o Concilio de Basileia, mas, entretanto, Segismundo dirige-se a Itália, sendo coroado em São Pedro, em 31 de maio de 1433. De regresso à Alemanha passa por Basileia procurando solucionar o conflito pendente e Eugénio IV faz promessas mais amplas, exigindo apenas que o concílio anulasse os decretos que colidiam com o poder papal.

Inesperadamente, o duque de Milão, com outros capitães, dizendo-se mandatados pelo concílio, invadem os territórios pontifícios, chegando às portas de Roma. Eugénio IV, disfarçado de frade, foge para Florença  e envia delegados a Basileia com propostas conciliadoras que não são bem recebidas, o que o leva a declarar o V Concilio trasladado para Ferrara. Enfurecidos, os renitentes de Basileia, em Janeiro de 1438, declaram Eugénio suspenso das suas funções e, em Novembro de 1439, com a presença de um único cardeal e apenas 11 bispos, sete abades e nove canonistas, organizam um conclave que elege papa o duque Amadeu VIII de Saboia. O duque é coroado com o nome de Félix V (o último dos antipapas), durando dez anos esse ridículo pontificado, até que entregou o seu arrependimento a Nicolau V, sucessor de Eugénio IV, que o tratou com benignidade.

Entretanto, Eugénio IV, alheio às bizarrias do antipapa, começa a receber o arrependimento dos príncipes que lhe eram hostis e até de alguns cardeais,. uns e outros a retirarem o apoio dado aos conciliaristas, submetendo-se ao papa.

Eugénio IV, para alcançar uma conciliação com a Igreja do Oriente, convoca o Concilio de Ferrara numa altura em que a peste começa a aparecer naquela cidade. Transfere então o concílio para Florença (1439), onde se chega, finalmente, a acordo, mostrando-se os Gregos convencidos com a argumentação dos Latinos. Feliz com este resultado, Eugénio IV escreve uma bula onde anuncia o acordo a toda a Cristandade. «Alegrai-vos, ó céus, salta de gozo, ó terra, porque é completa a paz na igreja de Cristo». Contudo, a alegria foi curta porque o clero bizantino não recebeu bem os representantes que se tinham deslocado ao Ocidente. manobrou o povo fanatizado pela rivalidade e ódio contra Roma e encarcerou o metropolita Isidoro.

Ao morrer, Eugénio IV exclamou no seu leito de morte: «Muitas tempestades agitaram esta Sede, mas as minhas intenções foram rectas e, neste terrível momento, conforta-me o pensamento de que a misericórdia divina olha mais para a boa vontade do que para aquilo que se consegue».

Durante o seu pontificado, dedicou-se à reconstrução material e artística de Roma, tendo-se rodeado de artistas como Fra Angelico e Donatello.

Ele próprio mandou fazer as portas de bronze que ainda hoje adornam, a entrada de São Pedro, encarregando Fra Angelico de decorar a Capela do Santíssimo Sacramento, no Vaticano.

Também teve influência em Portugal, no conflito entre o clero e D. Duarte, o que motivaria uma bula a lembrar-lhes as suas obrigações. Confirmou, ainda, a Congregação dos Cónegos de São Salvador de Vilar de Frades, mais tardes chamados Frades Lóios, nome derivado de Santo Elói, cujo mosteiro em Lisboa lhes pertencia.

FÉLIX V -   -  O Último ANTIPAPA

Félix V

(1439-1449)

 

O papa Eugénio IV, ao convocar o Concilio de Basileia, transferindo-o depois para Bolonha, provocou a ira dos prelados e dos doutores que o contestavam. Dizendo-se mandatado dos conciliares, o duque de Milão  chega às portas de Roma, o que leva o papa a fugir para Florença, de onde envia novas propostas conciliadoras para Basileia, mas nem assim conseguiu que cedessem. Pelo contrário, em Janeiro de 1438, o Concilio de Basileia declara Eugénio IV suspenso das suas funções e, em 5 de Novembro de 1439, com a presença de um único cardeal e apenas 11 bispos, sete abades e nove canonistas, organizam um conclave que elege, para o substituir, Amadeu, 8º duque de Saboia, uma pessoa de bons costumes, viúvo e que tinha nove filhos, mas que de religião não sabia mais do que o catecismo elementar. Amadeu havia fundado em Ripaille a Ordem dos Santos Maurício e Lázaro, cuja divisa é Serville Deo Regnare Est, deixando o seu castelo de Ripaille, para se tornar no papa Félix V.

Amadeu tinha unificado os domínios da Casa de Saboia, promulgando os respectivos Estatutos, pelo que tomou o título de 8º duque de Saboia, mas como papa foi uma desilusão.

Dele dizia o seu secretário Eneias Sílvio: «Feliz príncipe, se a ambição das dignidades não lhe tivesse manchado a velhice».

Voltaire, a seu respeito, escreveu: «Ó bizarro Amadeu, Amadeu! Tu quiseste ser papa e deixaste de ser ajuizado».

A verdade é que após dez anos de um ridículo pontificado, vendo que ninguém fazia caso dele, em 7 de Abril de 1449 abdicou, mostrando o seu arrependimento a Nicolau V, sucessor de Eugénio IV, que ele nunca suplantara, e o papa tratou-o de forma benigna, pois nomeou-o vigário de Saboia e, mais tarde, cardeal com uma pensão vitalícia e a mais alta posição no Colégio Cardinalício.

Morreu em Genebra, e com ele desapareceu o último antipapa da história do papado, porque tudo começou em 217 quando Santo Hipólito foi considerado antipapa, o primeiro da história da igreja, e foram precisos treze séculos para que este problema terminasse de vez.

 

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Continua:…

Este Post era para ser colocado em 5-3-2013 – 10H30

ANTÓNIO FONSECA

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