Nº 1577 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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BONIFÁCIO IX
Bonifácio IX
(1389-1404)
A eleição do sucessor de Urbano VI podia ter acabado com o Cisma do Ocidente, se os cardeais eleitores tivessem optado pelo antipapa Clemente VII, tornando-o legítimo, mas os cardeais, fiéis a Roma, escolheram, em 2 de Outubro de 1389, o cardeal Pietro Tomacelli, que tomou o nome de Bonifácio IX.
Apesar de jovem (tinha 35 anos), sem grande saber teológico, era uma pessoa que se impunha pelas suas qualidades de carácter: afável e compreensivo.
Logo que foi eleito esforçou-se pela pacificação, estabelecimento da ordem e pelo fomento das diversas obras públicas dos Estados Pontifícios.
No intuito de acabar com o cisma, não responde a Clemente VII quando este o excomungou e, pelo contrário, fez-lhe saber que o único caminho para a reconciliação seria a completa submissão ao único pontífice, o residente em Roma. Bonifácio IX prometia tratá-lo com clemência e fazê-lo seu representante em França.
É então que a Universidade de Paris propõe um concílio ecuménico como solução: tanto Clemente VII como Bonifácio IX deviam abdicar. Os cardeais de Avinhão concordam, mas, entretanto, Clemente VII morre de apoplexia.
Em 1394, os cardeais de Avinhão, esquecendo todos os pedidos, elegem um novo antipapa, o cardeal de Aragão, Pedro de Luna, que tomou o nome de Bento XIII e que, logo que foi eleito, recusou a abdicação.
O rei Carlos VI, de França e a Universidade de Paris, pedem às cortes europeias para fazerem pressão para que as duas partes litigantes permitam uma nova eleição com legitimidade assegurada. A Universidade de Oxford, porém, não admitia dúvidas, pois estava com Bonifácio IX.
Em Maio e Junho de 1398, reúne-se em Paris uma assembleia de bispos, clero e doutores, que, após longos debates, toma a resolução de negar obediência a Bento XIII, tratando-o como perjuro, pois antes de ser eleito era favorável à renúncia de ambos os papas para se fazer nova eleição e agora se negava a abdicar.
O povo continuava desnorteado, até pelas profecias de que o fim do mundo viria com o fim do século.
Depois de muitas opressões, do rei de França e da Universidade de Paris, o antipapa Bento XIII envia uma embaixada a Roma, a propor um encontro conciliador, mas tal não foi possível porque Bonifácio faleceu em 1 de Outubro de 1404.
Segundo o abade de Cedovim, Joaquim de Azevedo, foi Bonifácio IX que «erigiu em arcebispado a metrópole de Lisboa».
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INOCÊNCIO VII
Inocêncio VII
(1404-1406)
Com a morte de Bonifácio IX e com o antipapa Bento XIII a prometer que iria renunciar aos seus supostos direitos, os cardeais eleitores, de Avinhão e de Roma, esperavam eleger um papa inteiramente legítimo e acabar com o cisma, mas os legados de Bento XIII mostraram-se evasivos, não dando garantias seguras sobre a prometida renúncia, pelo que o conclave elegeu, em 12 de Outubro de 1404, o cardeal Cósimo Migliorati, que tomou o nome de Inocêncio VII.
Após a eleição, Bento XIII fingindo querer resolver o problema, dirige-se para Génova acompanhado de forte escolta armada e propõe um encontro com Inocêncio VII. O papa, informado dos verdadeiros intentos do antipapa, negou-se a ir ao seu encontro.
O rei de Nápoles instiga tumultos em Roma e Inocêncio VII foi obrigado a fugir para Viterbo, de onde só regressou no principio de 1406.
Durante o pouco tempo calmo que teve em Roma, dedicou-se à reforma da Universidade de Roma, criando novas cadeiras de Medicina, Filosofia, Lógica, Retórica e de Língua e Literatura Grega e levando para ali ensinar dois grandes humanistas: Poggio Bracciolini e Leonardo Bruni.
Morreu em Roma, sendo sepultado em São Pedro.
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GREGÓRIO XII
Gregório XII
(1406-1415)
Os 14 cardeais fiéis a Roma comprometeram-se a renunciar ao pontificado, se algum deles fosse eleito, com a condição de Bento XIII também renunciar, muito embora semelhante compromisso fosse canonicamente irregular.
A eleição deu-se, em 30 de Novembro de 1406, e foi escolhido o cardeal Ângelo Corrario, que tomou o nome de Gregório XII.
Logo que foi eleito, enviou cartas a Bento XIII, aos cardeais de Avinhão, à Universidade de Paris e aos soberanos cristãos, mostrando-se disposto a renunciar, se Bento XIII fizesse o mesmo, com vista a acabar com o cisma e a promover a desejada união.
Bento XIII recusa-se a renunciar e o rei de França manda prender o antipapa, mas ele consegue fugir para Aragão.
Por sugestão do rei de França, os cardeais de Avinhão abandonam, Gregório XII e resolvem convocar um concílio para Pisa, onde a 25 de março de 1409 pretendem depor Gregório XII e Bento XIII e eleger um novo papa. Em 5 de Junho de 1409 ambos os papas foram depostos como favorecedores do cisma, hereges e perjuros.
Em 26 de Junho de 1409 elegem um novo papa, Pietro Filargo, que tomou o nome de Alexandre V.
Deu-se então, uma incrível situação, inédita na história da Igreja. Como os dois papas depostos não aceitavam essa determinação e tinha sido eleito um novo papa, existiam três papas e o cisma, em vez de terminar, agravava-se.
Os patriarcas de Alquileia e Veneza, adeptos da causa de Alexandre V, tentam um golpe para se apoderarem de Gregório XII, mas este conseguiu fugir para Gaeta, no reino de Nápoles, ao mesmo tempo que Alexandre V, auxiliado pelas tropas de Louis de Anjou, se apoderava dos Estados Pontifícios. Pouco depois, quando seguia para Roma, Alexandre V foi surpreendido pela morte.
Os cardeais que o apoiavam não desistem nem perdem tempo e elegem, rapidamente, novo antipapa, desta vez Baltazar de Cossas, que toma o nome de João XXIII e que se instala em Roma, enquanto Gregório XII foge para Rimini, mas por pouco tempo, pois o rei de Nápoles consegue expulsá-lo.
Gregório XII acolhe-se à proteção de Segismundo, imperador germânico, e este, aproveitando-se dele, convoca o Concilio de Constança.
João XXIII aceita o concílio, pensando que ia ganhar, mas quando percebeu que a ideia era depor os três papas, consegue fugir, indo pedir proteção ao duque Frederico da Áustria.
Depois de alguma perturbação, o concílio continuou e João XXIII, prisioneiro do imperador, aceita humildemente a sua deposição e Gregório XII, através dos seus legados, abdicou nesse concílio, em 4 de Julho de 1415.
Restava Bento XIII, que continuava renitente, e o mesmo concílio acabou por destitui-lo em 26 de Julho de 1417, proibindo os fiéis, com severas penas, de lhe prestarem obediência.
Gregório XII, depois de renunciar, morreu passados dois anos, em Recanati, vinte dias antes da eleição do novo papa, Martinho V, este indiscutivelmente, o legitimo sumo pontífice.
Como se verifica este papa foi o 2º (realmente eleito) que abdicou do Pontificado – embora tenha sido deposto conciliarmente e em condições absolutamente inéditas – conforme está expresso neste texto, (em que durante cerca de 9 anos, chegou a haver 4 papas, embora só 3 o tivessem sido ao mesmo tempo, e com exceção deste (Gregório XII), todos os outros foram antipapas)
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Este Post era para ser colocado em 3-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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