quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Nº 1539-3 - A VIDA DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - (36) - 24 de Janeiro de 2013

Nº 1539 - (3)
Desejo a continuação de
BOAS FESTAS e BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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ADRIANO I
 
Adriano I
 
Adriano I
(772-795)
 
Foi eleito em 9 de Fevereiro de 772, por unanimidade, graças às suas qualidades e ao zelo e prudência que tinha revelado nos dois pontificados anteriores, a que esteve intimamente ligado.
Desidério, rei dos Lombardos, apressou-se a felicitá-lo pela eleição, procurando conseguir a sua amizade, mas Adriano exigiu-lhe a restituição das cidades conquistadas e retiradas ao poder de Roma. Desidério não cede, ocupa mais cidades e ameaça a própria Roma.
Adriano alia-se a Carlos Magno, o rei dos Francos, que, em Setembro de 773, atravessa os Alpes e cerca Pavia, onde Desidério se tinha refugiado.
Em 774, Carlos Magno vai a Roma e confia a Adriano a posse dos “domínios pontifícios”, o que se tornou um facto vital na Idade Média, no Ocidente. Depois da tomada de Pavia, Desidério foi mandado com sua mulher para o mosteiro de Corble e Carlos Magno passa a intitular-se «rei dos Francos e dos Lombardos».
Na Páscoa de 781, Carlos Magno volta a Roma para coroar seu filho Carlomano como rei dos Lombardos e, ao mesmo tempo, amplia as doações à Santa Sé.
Por essa altura, a imperatriz Irene, de Constantinopla, reconhece junto de Adriano I o primado de Roma e convida-o a tomar parte num concílio (II de Niceia) para obviar as consequências nefastas do concílio iconoclasta de 754. O concílio realizou-se no Verão de 787 com a participação de 300 bispos. Em oito sessões anulou as anteriores decisões dos iconoclastas, esclarecendo o valor dos supostos argumentos bíblicos nesse sentido, apresentados. Isto é, o concílio definiu o culto das imagens com a proclamação da sua legitimidade do seguinte modo: «Veneração mas não adoração».
Com o restabelecimento da unidade entre Roma e Constantinopla, ficou praticamente reconhecida a independência política da cabeça da Igreja e, por esta altura, o papa começa a datar os seus documentos a partir dos anos do seu pontificado e não dos do governo do imperador, e nas moedas aparece cunhada a sua imagem.
Entretanto, surge um contratempo. Carlos Magno, talvez por deficiente tradução, não e tende a distinção entre – «veneração e adoração» – e faz publicar uma refutação teológica polémica, os Libri Carolini, negando ao Concílio de Niceia carácter de ecumenidade. O papa respondeu ao imperador esclarecendo-o e negando-se a anular o concílio niceno e, mercê de uma tradução mais correta, conseguiu fazer aceitar o concílio em França.
Nessa altura, surgem desvios doutrinais em Espanha, sobretudo na Bética, pois os judaizantes pretendiam impor aos outros a abstenção dos alimentos considerados impuros na Lei de Moisés, e modificar a data da celebração da Páscoa. Além disso, a convivência com judeus e muçulmanos ameaçava a ortodoxia matrimonial devido aos casamentos mistos e aos divórcios.
Adriano I envia a Espanha o bispo francês Egila, que, tendo atuado com êxito, viria depois a cometer outros erros relativos à Santíssima Trindade. Por sua vez, os bispos de Toledo e Urgel caíram no adopcionismo, afirmando que Jesus, enquanto homem, era apenas filho adotivo de Deus, a antiga heresia de Nestório, que admitia duas pessoas em Cristo.
De acordo com Carlos Magno, Adriano I reúne-se em concílio em Francoforte, no ano de 794, com mais de 300 bispos e sob a presidência dos legados papais, donde sai condenado o adopcionismo.
Contudo, Adriano I morre no dia de Natal de 795, sem ver a paz e a ortodoxia definitivamente estabelecidas em Espanha.
A morte de Adriano I comoveu profundamente Carlos Magno, pois tinha-lhe um afecto sincero e era grande a veneração que o rei dedicava ao sucessor de São Pedro.
Sobre o seu sepulcro está ainda a lápide de mármore que Carlos Magno enviou de França,onde a letras de ouro se pode ler: «Eu, Carlos, escrevi estes versos a chorar; A ti, a quem em vida amei, choro-te agora, ó Pai, e junto aos nossos nomes, Adriano e Carlos; eu rei, e tu Pai».
Os 23 anos de pontificado de Adriano I foram penosos, mas esclar3ecidos e apostolicamente fecundos, mercê do se zelo, prudência e vigor. Como responsável pelo governo de Roma empenhou-se na restauração de alguns aquedutos e construção de outros, dando à população, água em abundancia; criou várias colónias agrícolas para beneficio dos mais necessitados; construiu grandes celeiros para recolha do excedente de cereais que estavam ao dispor dos mais carentes; em ocasiões de calamidade pública, como a das inundações de 791, socorreu pessoalmente os sinistrados.
Adriano I teve, por tudo isto, um lugar de relevo entre os pontífices romanos dos primeiros séculos.
 
 
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SÃO LEÃO III
 
São Leão III
 
São Leão III
(795-816)
 
Foi eleito por unanimidade e sagrado em 27 de Dezembro de 795, dois dias após a morte de Adriano I.
A carta que, de imediato, escreve a Carlos Magno não tinha em conta pedir-lhe proteção, sendo apenas o testemunho de fidelidade, como provam as chaves do sepulcro de São Pedro e a bandeira de Roma, que acompanhavam as cartas.
O rei dos Francos responde com amizade e Leão III faz com que os representantes do povo jurem fidelidade ao imperador.
Em 798, Carlos Magno sente-se com, autoridade para ordenar ao papa a convocação de um  concílio que volte a condenar o adopcionismo que Félix, bispo de Argel, teimava em defender. Não houve concílio.
Entretanto, em Roma, parte da nobreza aparentada com os dois papas anteriores provoca agitação com o pretexto de que Leão III se submetia demasiado ao rei dos Francos e espalham uma série de calúnias contra o papa. Como nada conseguiram, resolvem eliminá-lo.
A 25 de Abril de 799, dia das litanias maiores, quando Leão III cavalgava à frente da procissão, dois sobrinhos de Adriano I atiraram-se a ele, acusando-o de perjúrio e adultério, despindo-lhe as vestes pontifícias e desancando-o. Enquanto isto, em Roma, os revoltosos destruíam e saqueavam os bens de São Pedro.
Encarcerado e torturado num mosteiro, Leão III conseguiu fugir, indo a Paderborn, no Saxe, a pedir ajuda ao rei. Este concede-lha e fá-lo regressar a Roma no Outono de 799, acompanhado de prelados e condes, para procederem a um inquérito sobre o papa.
Um ano mais tarde, em Agosto de 800, o rei põe-se a caminho e a 24 de Novembro, a 20 quilómetros de Roma, é recebido respeitosamente pelo Papa. O rei vinha examinar o resultado   do inquérito, pelos crimes de que o pontífice era acusado. Carlos Magno reúne em São Pedro um tribunal solene e em 23 de Dezembro o papa foi absolvido e os detratores condenados à pena capital, sentença que viram comutada a instâncias de Leão III, que saiu do tribunal guiado pelo rei.
Dois dias depois, na noite de Natal, em São Pedro, o papa coroou Carlos Magno imperador do Ocidente e terá sido aqui, neste ato, que teve origem o Sacro Império Romano-Germânico.
Quando o papa lhe colocou na cabeça a coroa, o povo romano aclamou: «A Carlos, Augusto, coroado por Deus, grande e pacífico imperador dos romanos, paz e vitória».
Um novo rito se introduzia. No futuro nenhum imperador se sentiria seguro se o papa não proferisse em Roma o ritual da unção que conferia a sagração divina.
Terminava definitivamente o domínio bizantino e consolidava-se o Sacro Império Romano, testemunhado pela cunhagem de moedas, inscrições e selos, mesmo com Constantinopla a não o reconhecer durante quatro séculos.
Em 810, Leão III recebe uma embaixada de bispos francos em consequência de uma queixa feita ao imperador por alguns bispos ocidentais residentes em Jerusalém, perseguidos por defenderem que o Espírito Santo procedia do Pai e também do Filho. os bispos propunham a inclusão do discutido Filioque ( e do filho ) na fórmula do credo niceno.
Leão III, embora reconhecendo e afirmando como doutrina católica a procedência do Pai e do Filho, recusou-se a introduzi-la para evitar conflitos com o Oriente. Com efeito, embora chegasse a acordo e ambas as Igrejas admitissem substancialmente o mesmo, no Ocidente empregava-se a expressão ex Patre Filioquedo Pai e do Filho»), no Oriente usava-se a fórmula ex Patre per Filiumdo Pai pelo Filho»).
Os bispos francos acabaram por compreender e aceitar a atitude prudente  do papa. O Filioque só viria a ser introduzido no símbolo da fé dois séculos mais tarde, no pontificado de Bento VIII.
Em 814, com, 74 anos, morre Carlos Magno. Sobre ele escreveu Gregorovius: «Apagou-se a vida do herói e do sábio e a história regista a morte do fundador do novo Império. Moisés da Idade Média, guiou a humanidade através dos desertos da barbárie, dando-lhe um novo código de constituições politicas, eclesiásticas e civis».
A noticia da morte causou consternação em  Roma e os inimigos de Leão III voltaram a intentar novos distúrbios, sendo presos e castigados. No ano seguinte, já com o papa gravemente enfermo, apareceram novas sublevações, com incêndios e tentativas de assalto ao Vaticano. Leão III faleceu amargurado com estes acontecimentos.
Para além do frutuoso relacionamento com Carlos Magno, sem nunca ser subserviente, Leão III restaurou e adornou diversas igrejas e mosteiros e fundou, junto do Vaticano , uma hospedaria para acolhimento dos peregrinos.
 
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ESTEVÃO IV
 
Estevão IV ou V
 
Estevão IV
(816-817)
 
Foi eleito por unanimidade dez dias depois da morte do papa Leão II e sagrado em 22 de Junho de 816.
A sua primeira preocupação foi levar o povo romano a jurar fidelidade ao novo imperador Luís Pio, filho de Carlos Magno, e, em vez de lhe enviar legados, foi pessoalmente participar ao imperador a sua eleição. Foi recebido em Reims com júbilo e todas as honras, que retribuiu coroando solenemente, em Reims, Luís Pio, ungindo-o como rei universal e protetor da Cristandade, proclamando-o «filho dileto da Igreja Romana».
Num gesto de grande magnanimidade obtém do imperador a suspensão das penas para todos os que, no pontificado anterior, tinham sido exilados para os seus domínios. O imperador acedeu e aproveitou para confirmar as doações territoriais dos seus antecessores.
Ao regressar a Roma explicou o seu gesto como imitação «do exemplo de nosso divino Redentor que se dignou vir à terra para nos livrar das cadeias do demónio».
Entretanto, no oriente, recomeçavam as perseguições por causa da veneração das imagens, mas o papa já não pôde intervir porque faleceu, depois de um breve, mas frutuoso, pontificado de sete meses.
 
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Continua:…
Post colocado em 24-1-2013 – 11H00
ANTÓNIO FONSECA

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