terça-feira, 8 de janeiro de 2013

IN MEMORIAM - BADEN-POWELL – Fundador do Escutismo - 8 de Janeiro de 2013

Por mero acaso, há poucos minutos, estando a consultar o Facebook, deparei com um post colocado por uma Chefe Escuta sobre o facto de em 8 de Janeiro de 1941 – há 72 anos precisamente – se ter verificado o falecimento de Lord Baden-Powell, fundador do Escutismo Mundial.

Lamentavelmente, eu Antigo Escuta (em atividade desde 1946 a 1962), que fui Lobito e Explorador no Grupo 10 (Agrupamento VI do CNE) com sede na paróquia do Bonfim – Porto, depois Caminheiro em Campanhã e finalmente Chefe de Agrupamento em Águas Santas – Maia, filho do Chefe ARLINDO (ou Velho Lobo do Norte) que foi um dos fundadores do CNE na região do Porto, tinha-me esquecido completamente desta efeméride e não fiz qualquer menção a ela.

Estou agora a tentar redimir-me do erro cometido, e, dado que de momento, não disponho de elementos para fazer aqui uma evocação mais séria e mais completa, resolvi recorrer à Wikipédia, da qual transcrevo os seus dados biográficos e uma resenha da sua história militar e de como deu ele início ao Escutismo.

Como no próximo dia 22 de Fevereiro ocorrerá a data do seu nascimento, espero que nessa altura – se Deus mo permitir (e também porque farei 73 anos 2 dias antes…) – procurarei fazer uma coisa mais profunda.

Antes no entanto, quero agradecer aqui à Chefe Madalena do Agrupamento de Pedrouços – Maia o facto de ter lembrado a data. Obrigado.

António Fonseca – Antigo Escuta

 

 

Baden-Powell

Lord Baden-Powell of Gilwell

Nome completo
Robert Stephenson Smyth Baden-Powell

Outros nomes
Lord Baden-Powell of Gilwell, B-P

Conhecido(a) por
Fundador do Escutismo ou B.P

Nascimento
22 de Fevereiro de 1857
Londres, Inglaterra
Reino Unido

Morte
8 de janeiro de 1941 (83 anos)
Nairobi, Província de Nairobi
Quênia

Nacionalidade
britânica

Cônjuge
Lady Olave Baden-Powell

Ocupação
Militar, Escuteiro Chefe Mundial

Serviço militar

Patente
Tenente-General

Início da carreira militar

Aos 19 anos, Baden-Powell terminou os estudos na Escola Charterhouse e aceitou imediatamente uma oportunidade de ir à Índia como subtenente do regimento que formara a ala direita da cavalaria na célebre "Carga da Cavalaria Ligeira" da Guerra da Crimeia.

Além de uma carreira excelente no serviço militar (chegou a capitão aos vinte e seis anos), ganhou o troféu desportivo mais desejado de toda a Índia, o troféu de "sangrar o porco", caça ao javali selvagem, a cavalo, tendo como única arma uma lança curta. Vocês compreenderão como este desporto é perigoso ao saber que o javali selvagem é habitualmente citado como "o único animal que se atreve a beber água no mesmo bebedouro com um tigre".

Em 1887, B-P participou da campanha contra os Zulus na África. Foi ascendido a Major en 1889, e em Abril de 1896 dirigiu uma expedição contra os matabele em Rodésia.[1]

Dias depois de uma revolta de negros que massacraram 300 colonos britânicos, o coronel cercou o chefe dos guerreiros chamado Uwini com mais de 350 soldados.

Os ingleses prometeram poupar a vida aos guerreiros em troca da rendição. As autoridades civis pediram que ele fosse entregue para ser preso, porem Baden, recusou e mandou-o executar com o argumento de que ameaçava os britânicos. Em 2009, Robin Clay, neto de Baden-Powell, desculpou-o no Times: "Todos cometemos erros. Na guerra as emoções estão ao rubro. Faz-se o que se pensa estar certo." [2]

Esta era um época formativa para B-P não só porque ele tinha a época da vida dirigindo missões como chefe do reconhecimento no território inimigo na Rodésia, mas também porque muitas das suas ideias mais recentes do escotismo se enraizaram aqui.[3] Foi nesta guerra que ele começou uma amizade com o escuteiro americano celebrado Frederick Russell Burnham, que o introduziu ao ponto de ebulição a maneira do Oeste americano e do woodcraft (escutismo), e aqui que ele usou seu chapéu Stetson pela primeira vez.[4] Mais tarde B-P participou na campanha contra a tribo dos Ashantís. Os nativos temiam-no tanto que lhe davam o nome de "Impisa", o "lobo-que-nunca-dorme", devido à sua coragem, à sua perícia como explorador e à sua impressionante habilidade em seguir pistas.

As promoções de B-P na carreira militar eram quase automáticas tal a regularidade com que ocorriam até que, subitamente se tornou famoso.

"Baden-Powell é um scout maravilhosamente capaz e rápido em esboços. Não conheço outro que poderia ter feito o trabalho em Mafeking se as mesmas circunstâncias fossem impostas. Todos os bocados do conhecimento que recolheu estudiosamente foram utilizadas na protecção da comunidade".

Extrato O sitio de Mafeking abandonado pelos Boeres, Frederick Russell Burnham entrevistado por o jornal Times of London, 19 Maio 1900).

Corria o ano de 1899 e Baden-Powell tinha sido promovido a Coronel. Na África do Sul começava uma agitação e as relações entre a Inglaterra e o governo da República de Transval tinham chegado ao ponto do rompimento. B-P recebeu ordens de organizar dois batalhões de carabineiros montados e marchar para Mafeking[2], uma cidade no coração da África do Sul. "Quem tem Mafeking tem as rédeas da África do Sul", era um dito corrente entre os nativos, que se verificou ser verdadeiro.

Veio a guerra dos Boers, e durante 217 dias (a partir de 13 de Outubro de 1899) B-P defendeu Mafeking cercada por forças esmagadoramente superiores do inimigo, até que tropas de socorro conseguiram finalmente abrir caminho lutando para auxiliá-lo, no dia 18 de maio de 1900.

B-P, promovido agora ao posto de major-general, tornou-se um herói aos olhos de seus compatriotas. Foi como um herói dos adultos e das crianças que em 1901 ele regressou da África do Sul para a Inglaterra e descobriu, surpreso, que a sua popularidade pessoal dera popularidade ao livro que escrevera para militares: Aids to Scouting (Ajudas à Exploração Militar). O livro estava sendo usado como um compêndio nas escolas masculinas. B-P viu nisto um desafio. Compreendeu que estava aí a oportunidade de ajudar a juventude.

Ideia do escotismo

Burnham, Chefe dos Escoteiros, desenhado por Baden-Powell, Matabeleland Norte, 1896.

Se um livro para adultos sobre as atividades dos exploradores podia exercer tal atração sobre os rapazes e servir-lhes de fonte de inspiração, outro livro, escrito especialmente para rapazes, poderia despertar muito maior interesse. Burnham ficou conhecido pelos serviços prestados no exército colonial britânico e por ter ensinado woodcraft[5] a Baden-Powell, sendo está uma das influências mais notáveis do fundador do escutismo. A amizade entre os dois resultou anos depois na formulação didática do escutismo.[6]

Pôs-se então a trabalhar, aproveitando e adaptando sua experiência na Índia e na África entre os Zulus e outras tribos selvagens. Reuniu uma biblioteca especial e estudou nestes livros os métodos usados em todas as épocas para a educação e o adestramento dos rapazes, desde jovens espartanos, os antigos bretões, os peles-vermelhas, até os nossos dias. Lenta e cuidadosamente, B-P foi desenvolvendo a ideia do escutismo. Queria estar certo de que a ideia podia ser posta em prática, e por isso, no verão de 1907 foi com um grupo de 20 rapazes separados por 4 patrulhas (Maçarico- Real, Corvo, Lobo, Touro) para a Ilha de Brownsea, no Canal da Mancha, para realizar o primeiro acampamento escuteiro que o mundo presenciou. O acampamento teve um completo êxito.

Nos primeiros meses de 1908, lançou em seis fascículos quinzenais o seu manual de adestramento, o "Escutismo para Rapazes" sem sequer sonhar que este livro iria por em ação um movimento que afectaria a juventude do mundo inteiro.

Mal tinha começado a aparecer nas livrarias e nas bancas de jornais e já surgiram patrulhas e tropas de escuteiros não apenas na Inglaterra, mas em muitos outros países. O movimento cresceu tanto que em 1910, B-P compreendeu que o Escutismo seria a obra a que dedicaria a sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que podia fazer mais pelo seu país adestrando a nova geração para a boa cidadania do que preparando meia-dúzia de homens para uma possível futura guerra.

Pediu então demissão do Exército onde havia chegado a tenente-general e ingressou na sua "segunda vida", como costumava chamá-la, sua vida de serviço ao mundo por meio do Escutismo.

Em 1912, fez uma viagem à volta do mundo para contactar os escuteiros de muitos outros países. Foi este o primeiro passo para fazer do Escutismo uma fraternidade mundial.

A Primeira Guerra Mundial momentaneamente interrompeu este trabalho, a 27 de Junho de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Cristo[7], mas com o fim das hostilidades foi recomeçado, e em 1920 escuteiros de todas as partes do mundo reuniram-se em Londres para a primeira concentração internacional de escuteiros: o Primeiro Jamboree Mundial. Na última noite deste Jamboree, a 6 de Agosto, B-P foi proclamado "Escuteiro-Chefe-Mundial" sob os aplausos da multidão de rapazes.

O Movimento Escuteiro continuou a crescer. No dia em que atingiu a "maioridade" completando 21 anos contava com mais de 2 milhões de membros em praticamente todos os países do mundo. Nesta ocasião, B-P recebeu do rei Jorge V a honra de ser elevado a barão, sob o nome de Lord Baden-Powell of Gilwell. Mas apesar deste título, para todos os escuteiros ele continuou e continuará sempre sendo B-P, o Escuteiro-Chefe-Mundial.

Quando suas forças afinal começaram a declinar, depois de completar 80 anos de idade, regressou à sua amada África com a sua esposa, Lady Olave Baden-Powell, que fora uma entusiástica colaboradora em todos os seus esforços, e que era a Chefe-Mundial das "Girl Guides" (Guias), movimento também iniciado por Baden-Powell.

Olave Soames e Robert Baden-Powell Olave St. Clair Soames nasceu no dia 22 de fevereiro de 1889 na Inglaterra. Seus pais Harold Soames e Katharine Hill tinham já dois filhos, um casal. Olave gostava muito de animais, de caminhar ao ar livre, de música e desportos. Mas foi a bordo de um navio pelo atlântico que a vida da jovem Olave Soames mudou radicalmente e vai entrar para a História BANDEIRANTE. Em janeiro de 1912, Olave e seu pai embarcaram no navio “Arcadian”, para um cruzeiro turístico, no qual também estava a bordo, o famoso herói de guerra e fundador do Escuteirismo chamado Robert Baden-Powell. Também ali conheceu a Girl Guide e Chefe americana Juliette Low, velha amiga de BP, fundara a Associação de Girl Scouts nos Estados Unidos da América. O namoro entre os dois iniciou-se naquele cruzeiro de 20 dias e no qual eles puderam se conhecer, descobrir muitas coisas em comum, inclusive que, seus aniversários caiam no mesmo dia, 22 de fevereiro. Na época BP tinha 55 anos e Olave, 23 anos. Em outubro daquele mesmo ano, BP e Olave casam em uma cerimônia simples na igreja de São Pedro, em Londres. Desde então Olave passou a ser reconhecida pelo nome de Lady Olave Baden-Powell.

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Post colocado em 8-1-2013  -  22H10

ANTÓNIO FONSECA

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