(Post para publicação em 19 de Janeiro de 2013 – 10,30 h).
(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)
Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.
Que descanse em paz com as honras do Senhor.
18\06\1927 - 29\10\2011
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Do livro “Caminhos da Felicidade”
SABER ESPERAR
Muita gente na praia naquela manhã fria de Agosto. Emigrantes ávidos de mar e sol. Crianças buliçosas correndo na areia para aquecer.
O sol espreitava, pequenino e tímido, por detrás de um nevoeiro frio.
Algumas pessoas começavam a retirar-se, desanimadas.
O sol lutava persistentemente romper. Aqui e além, mais gente debandava, sem esperança num melhor dia.
Mas entretanto muita gente ficou: esperou pacientemente. E valeu a pena, porque o sol venceu o nevoeiro espesso. Sorriu, iluminou e aqueceu a praia. E os que souberam esperar viveram um dia feliz.
Assim acontece tantas vezes na nossa vida…
Tantos dias de angústias, de incertezas. tantas manhãs sem sol, sem alegria, sem afecto, sem paz. Dias de problemas que parecem irremediáveis. De notícias acabrunhantes. de radiografias ou análises escurecidas pela dúvida.
Mas se formos capazes de esperar pacientemente, o sol da alegria e da paz surgirá, aquecendo e iluminando nossa vida, o nosso ambiente, o nosso mundo.
Só poderemos obter êxito, resultado feliz, se lutarmos pacientemente contra todas as adversidades, como o sol vence nuvens negras e nevoeiros densos para oferecer a sua luz e o seu calor reconfortante.
Porto, Dezembro de 1998
Mário Salgueirinho
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Do livro “Dar é receber”
RECOMEÇAR…
Cada dia que vivemos deve ser melhor que o anterior. Deve ser um recomeçar. Recomeçar deixando caminhos velhos, deixando atitudes negativas, deixando hábitos egoístas e prejudiciais, para recomeçar caminhos de beleza, de solidariedade, caminhos floridos de bem-fazer.
Cada dia irrepetível, será uma nova criação de simplicidade e beleza moral.
Vai ajudar-nos a refletir este poema de Fernanda de Castro, referente a um costume de algumas terras na última noite do ano.
Diz assim:
Ontem, à meia-noite, a minha rua
Abriu de par em par as portas e as janelas,
E deitou fora o lixo, as coisas velhas,
Cacos, farrapos, latas e panelas.
Era a primeira hora
Do ano que chegava.
E eu pensei: Que posso eu deitar fora?
Ah, Senhor, tanta coisa!
Nem cacos nem farrapos,
nem latas velhas nem trapos,
Mas tanta dor,
Senhor,
Mal empregada,
Tantos gestos errados,
E as pequenas traições
E os pequenos pecados.
As palavras que ferem como gumes
de afiadas adagas.
Ressentimentos, azedumes
que Te fazem sangrar as cinco chagas.
Egoísmo sem fim
e os altos muros das torres de marfim.
descrença,
Indiferença,
despeitos recalcados,.
amassados com ódios, com rancor,
e o amargo sabor
da solidão.
Ah. Senhor, nesta hora de perdão,
nesta primeira hora,
quantas coisas podemos deitar fora!
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