sábado, 19 de janeiro de 2013

Nº 1534-3 - A VIDA DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - 19 de Janeiro de 2013

 
Caros Amigos; apesar dos meus cuidados em não me dispersar (e, também, em grande parte, por motivos técnicos) fui forçado a interromper novamente a edição desta página no passado dia 15. Espero portanto que me perdoem o lapso e vou tentar retomar a publicação.
Obrigado. AF.
 
Nº 1534 - (3)
Desejo a continuação de
BOAS FESTAS e BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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SÃO GREGÓRIO II
São Gregório II
São Gregório II
(715-731)
 
Este papa romano, que foi eleito em 19 de Maio de 715, interrompeu a série de pontífices de origem grega e síria, um facto de importância para o Ocidente, quando se manifestava a tendência para se distanciar de Bizâncio.
Era um homem inteligente e culto que tinha acompanhado o papa Constantino I a Constantinopla, aquando da convocação do imperador Justiniano e, segundo o Liber Pontificalis, todos ficaram admirados com »a clareza das suas respostas que deitavam por terra todas as objecções».
Começou o pontificado dedicando-se à reconstrução das muralhas de Roma, iniciada por Sisínio, mas que devido a inundações não tinham sido concluídas.
Em 717, o general do exército do Oriente, Leão Isáurico, apoderou-se do trono e comunicou o facto ao papa enviando-lhe uma profissão de fé católica. Valente e empreendedor, torna-se credor da Cristandade ao deter em 718 o poderio árabe que ameaçava Constantinopla.
Pouco depois desencadeou uma questão religiosa que iria durar mais de um século. Convencido de que à solidez  do Estado convinha a unidade na fé, Leão Isáurico decreta para os judeus a obrigatoriedade da conversão à fé católica, surgindo um obstáculo intransponível, a veneração das imagens, por eles rejeitada como idolatria.
Imitando o califa árabe Jesid, que em 723 proibiu o culto das imagens, convence-se de que com igual gesto resolveria a questão e em 725 emite um decreto a proibir a veneração das imagens e mandando-as retirar das igrejas de Constantinopla, entre elas uma imagem de Cristo ali venerada como miraculosa, para além de destruir numerosas obras de arte. Surgem tumultos e o patriarca coloca-se ao lado dos revoltosos. O imperador recorre ao papa, mas este não o apoia e recrimina-lhe a atitude.
Logo a seguir convoca um concílio que refuta o decreto imperial e aprova a veneração das imagens, seguido da publicação de uma bula que nega ao imperador qualquer direito de legislar em matéria da fé. O imperador fica furioso e ameaça ir a Roma destruir a imagem de São Pedro e aprisionar o Papa.
Gregório II, sem se amedrontar, responde-lhe: «Hás-de saber que os bispos de Roma são para  a paz, mediadores entre o oriente e o Ocidente e será a paz que eles sempre hão-de proclamar e defender. Se, conforme as tuas palavras, vieres prender-me, não preciso de combater contra ti. Basta que o bispo de Roma se afaste vinte e quatro estádios para a Campânia, e só poderás perseguir o vento». E, continuando, lembra o martírio de São Martinho: «Também eu podia sofrer a mesma sorte, mas para bem do povo desejo ter uma vida mais longa, uma vez que todo o Ocidente tem os olhos em mim e deposita a maior confiança em São Pedro. Todo o Ocidente venera o Santo Príncipe dos Apóstolos. Se enviares gente para destruir a sua imagem, seremos inocentes do sangue que se vier a derramar: ele cairá sobre a tua cabeça».
Leão Isáurico não desiste, nem se atemoriza, dizendo que os concílios ecuménicos nada tinham decretado sobre o uso de imagens e que se considerava imperador e bispo.
Gregório II continua firme e replica, mostrando-lhe a diferença entre o poder temporal e o espiritual e a independência deste frente àquele.
Tudo se complica, pois o imperador, sem olhar a razões, resolve desfazer-se do papa mandando instruções nesse sentido aos seus funcionários residentes em Itália, mas a conjura foi desfeita e o povo, indignado, eliminou os sicários.
O exarca Paulo , vindo de Ravena com idêntico propósito, também não teve sucesso. Qualquer tentativa para consolidar a autoridade imperial em Roma, sem o acordo do papa, era impossível.
Gregório II mostrou-se sereno e prudente, embora firme, pois não pretende lançar a Itália numa guerra, nem a separação do imperador, mas apenas confiná-lo aos limites do poder temporal.
O imperador, não desistindo dos seus intentos, nomeia Eutíquilo como exarca de Ravena, com a condição de se dirigir a Roma e depor Gregório II ou dar-lhe a morte.
Descobertos os intentos do exarca, o povo estava disposto a linchá-lo, valendo-lhe a intervenção do papa.
Entretanto, aproveitando os desentendimentos entre Bizâncio e Roma, Luitprando, rei dos Longobardos, apodera-se de algumas cidades, tentando o domínio de toda a Península.
Gregório II não hesita. Enchendo-se de coragem dirige-se ao acampamento de Luitprando e de tal modo falou que o rei bárbaro, rojando-se-lhe aos pés, prometeu renunciar aos seus intentos bélicos. Depois, dirigindo-se a Roma na companhia do papa, ajoelha diante do tumulo de São Pedro, depondo sobre ele o manto, a espada e a coroa.
Gregório II continuava convencido de que a conservação de um poder estatal diferente do espiritual era a melhor solução.
Mesmo com tantas preocupações Gregório II dedicou-se à restauração de alguns conventos, entre eles o de Monte Cassino e basílicas romanas, a par de muitas outras obras.
O seu nome fica ligado à evangelização dos países nórdicos, sobretudo a Alemanha, para onde enviou o monge inglês, São Bonifácio (675-754).
Quanto à Península Hispânica, viveu com amargura a ocupação árabe. Logo no início do seu pontificado, em 716, a invasão estendeu-se por toda a Galiza e Lusitânia, sendo saqueadas as cidades do Porto e de Braga.
Faleceu depois de quinze anos de luta corajosa e prudente.
 
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SÃO GREGÓRIO III
Gregório III
São Gregório III
(731-741)
 
Foi eleito por unanimidade ainda não tinham sido concluídos os funerais de São Gregório II, mas a sua sagração só aconteceu em 18 de Março de 731. No entanto, a herança que recebia não era nada agradável, pela luta anti-iconoclasta.
Foi o último papa a solicitar a homologação da sua eleição pelo imperador, mas isso não impediu que este onerasse os bens da Igreja na Itália com impostos tão pesados que equivaliam a confisco.
Logo no primeiro ano do seu pontificado reuniu em São Pedro, com  a presença de 93 bispos, um sínodo em que decreta: «Quem tirar do seu sítio, destruir ou injuriar as imagens de Cristo, de sua Mãe imaculada, dos apóstolos ou dos santos, seja excluído dos sacramentos”. O encarregado de levar ao imperador as determinações sinodais foi logo detido e encarcerado na Sicília.
O imperador não queria saber de nenhuma comunicação emanada de Roma para não se sentir desacreditado perante os seus súbditos contra a veneração das imagens. Além disso, para se ressarcir dos impostos a que Roma se negava, o imperador apodera-se de patrimónios eclesiásticos na Sicília, da Calábria e de toda a Itália meridional.
O diferendo mantinha-se,. mas, entretanto, o exarca fez uma oferta de seis colunas de ónix ao papa, que as mandou colocar em São Pedro junto de um baldaquino de prata em que figuravam as imagens do Salvador, de Maria, dos apóstolos e santos mais venerados, como resposta eloquente aos iconoclastas.
Como disse Gregorovius: «A luta dos papas contra Bizâncio salvou a arte no Ocidente». Neste particular, Gregório III destacou-se embelezando São Pedro e vários mosteiros com diversas pinturas, restaurando a basílica de São Crisógno, no Trastevere, as igrejas de Santo André e São Calisto, o panteão e diversos outros templos, isto sem esquecer as muralhas de Roma, quase por completo erguidas.
Entretanto, o rei longobardo Luitprando retomava a ofensiva contra o ducado romano, devastando diversas regiões da Campânia.
O papa pede ajuda a Carlos Martel, rei dos Francos, mas este nega-se por motivos políticos a combater Luitprando, pois precisava da sua aliança contra os árabes, os quais acabou por vencer na Batalha de Poitiers, em 732.
Em 741, o pontífice envia nova embaixada a Carlos Martel para lhe entregar as chaves de São Pedro e o titulo de cônsul, segundo o qual Roma ficaria colocada sob a sua jurisdição militar, saindo da órbita imperial de Bizâncio. Carlos Martel, embora desvanecido, não aceita, desculpando-se com motivos políticos e económicos.
Gregório III não chegou a saber da recusa, pois faleceu nesse ano, e no mesmo dia em que morreu o imperador Leão III. Interessou-se pela consolidação da Igreja na Inglaterra e na Alemanha, incumbindo de diversas missões apostólicas os Santos Bonifácio e Beda, este último falecido durante o seu pontificado e o primeiro de origem búlgara.
Durante o pontificado, deu-se a reconquista da Galiza e Norte de Portugal por ação do rei Afonso I , das Astúrias, que derrotou e expulsou os árabes, que perderam definitivamente o domínio a norte do rio Douro.
 
 
 
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SÃO ZACARIAS
São Zacarias
São Zacarias
(741-752)
 
Foi o último papa de cultura grega eleito por unanimidade em 29 de Novembro de 741, no mesmo dia em que foi sepultado o seu antecessor.
Pouco depois de eleito, Luitprando retoma a ofensiva contra o ducado romano e Zacarias tomou a decisão de falar com o próprio rei longobardo, chamando-lhe a atenção para a quebra do pacto que havia jurado perante o papa Gregório II. A eloquência do papa conseguiu demover Luitprando e no regresso a Roma o povo recebeu-o com aclamações.
Luitprando, para se ressarcir das cedências a Roma, invade Ravena e Emília, levando os habitantes a pedirem a intervenção do papa e, de novo, São Zacarias foi falar com o frei bárbaro a Pavia e Luitprando voltou a ceder.
Em 743, São Zacarias convocou um sínodo em Roma, com a presença de 60 bispos, no qual se publicaram 14 cânones referentes à disciplina eclesiástica e normas sobre o impedimento matrimonial, na existência de parentesco até ao quarto grau.
Por essa altura. São Zacarias envia são Bonifácio da Alemanha à Gália Oriental para a organizar em ordem à catequização. São Bonifácio, como delegado papal, celebra um sínodo em Soissons, seguido de outro sínodo geral em 745, estruturando a disciplina religiosa.
Em 751, São Zacarias apoiou Pepino o Breve, na sucessão ao trono de seu pai Carlos Martel, rei dos Francos, marcando este gesto um momento muito importante na história dos papas, dado que firmou a santa Sé no seu direito de intervenção para conferir ou tirar coroas.
Ocupou-se da Igreja de Inglaterra, onde, com a sua ajuda, se realizou o Sínodo de Cloveshove, em 747, para organizar a reforma da vida eclesiástica. Fora do campo religioso e político, São Zacarias dedicou especial atenção ao desenvolvimento agrícola da região de Campânia, incentivando o cultivo de baldios para suprir a carência de cereais.
Quando soube que uns mercadores venezianos compravam escravos em Roma para os vender aos muçulmanos de África, o papa comprou-os para que nenhum cristão sofresse a escravatura em mãos pagãs.
Segundo o Liber Pontificalis, era exímio nas línguas grega e latina, e a verdade é que traduziu para grego os Diálogos do papa São Gregório I Magno. Também iniciou a Biblioteca Vaticana.
 
 
 
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CONSTANTINO I
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Constantino I
(708-715)
Foi o último dos sete papas orientais e assumiu o pontificado em 25 de Março de 708, perante a terrível vingança do imperador Justiniano, pois uma poderosa armada aportou à Sicília, dirigindo-se a Ravena, onde o exército imperial prendeu nobres e eclesiásticos atirando-os algemados para os porões dos navios, para os levar para Constantinopla. O chefe do movimento foi emparedado vivo e o arcebispo Félix, depois de lhe vazarem os olhos, foi mandado para o exílio.
Depois disto, o imperador convida-o para se deslocar a Constantinopla para discutirem a controvérsia do «Quinissexto». Mesmo sentindo-se aterrado, Constantino aceita o convite e parte para lá em 5 de Outubro de 710. Seria esta a última viagem de um papa a Constantinopla, até à visita do papa Paulo VI, em Julho de 1967, ao encontro do patriarca Atenágoras, em circunstâncias bem diferentes.
Recebido com todas as honras, encontra-se em Nicomédia com o imperador que lhe beija os pés.
Não se conhece o teor da conversação, mas São Gregório II (715-731), que o acompanhava, diz que Constantino aprovou os cânones que não pugnavam com a fé nem se opunham aos decretos romanos.
Um ano depois regressa a Roma e vê, com amargura, o resultado da prepotência e das pilhagens praticadas pelo exarca na sua ausência.
Passados três meses chega a notícia do assassinato de Justiniano, substituído por Filipe Bardas, herege monotelista que imediatamente, decreta a anulação do II Concílio de Constantinopla e envia a Roma a promulgação da sua profissão de fé. Constantino, porém, recusa-se a aceitá-la e o povo, revoltado. rejeita os decretos imperiais, fixando nos muros de São Pedro uma súmula dos seis concílios ecuménicos. O papa vai mais longe e recusa-se a receber Filipe Bardas como imperador, não permitindo que se cunhasse moeda com a sua efigie, em Roma.
Poucos dias depois chega a notícia da queda de Bardas, substituído por Anastácio II, ortodoxo, que envia ao carta uma carta amistosa em que declara aceitar o VI Concilio.
O papa morreu em 9 de Abril de 715, amargurado por saber a Península Hispânica invadida pelos muçulmanos. Apenas escapou uma pequena região montanhosa onde alguns sobreviventes se refugiaram sob o comando de Pelágio. A invasão tenha levado sete anos, mas a reconquista cristã arrastar-se-ia por oito séculos.
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Continua:…
Post colocado em 19-1-2013 – 11H00
ANTÓNIO FONSECA

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