Nº 1544 - (3)
Desejo a continuação de
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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SÃO NICOLAU I - MAGNO
S. Nicolau I – Magno
(858-867)
Foi eleito em 24 de Abril de 858, por consenso geral e com o apoio do imperador Luís II, apesar de ter recusado inicialmente, invocando a sua humildade.
O seu pontificado foi intenso e fecundo, tendo vivido como figura cimeira, com os reis, imperadores,leigos e clero a prestar-lhe obediência. Mandava nos reis e nos tiranos, graças ao seu talento de estadista, à sua profunda formação teológica e jurídica e à sua indomável energia, aliada a um claro sentido moral no modo de agir.
Opôs-se com autoridade a Lotário II, irmão do imperador, que rejeitou a esposa e queria casar com a amante. Lotário tinha subornado os representantes do papa no Sínodo de Metz, obtendo sentença favorável, mas Nicolau I declara-a nula, depondo os bispos responsáveis. Estes, porém, conseguem convencer o Imperador Luís II, que, para defender a honra do irmão, se dirige com um exército a Roma para obrigar o papa a ceder ou a castigá-lo.
Nicolau I ordena um jejum e uma procissão para obter proteção divina. Quando a procissão chega a São Pedro já lá estão as tropas imperiais, que carregam sobre o povo. Avisado das intenções do imperador, Nicolau I refugia-se em lugar seguro. Entretanto, morre inesperadamente um familiar do imperador que tinha atirado ao chão e quebrado a cruz da procissão e o próprio imperador adoece. Nicolau I visita-o e o imperador abandona Roma, aceitando a decisão do pontífice.
O papa preocupou-se com a dignidade da vida eclesiástica e monástica, como provam os sínodos de 850 e 853, mas o problema mais sério veio de Bizâncio, onde dois anos antes do início do seu pontificado, Bardas, regente na menoridade do imperador Miguel, tinha deposto o patriarca Inácio por este se ter oposto à situação imoral em que vivia, amancebado com a nora. Para suceder a Inácio, Bardas escolheu um leigo, Fócio, seu secretário de Estado, o qual, contra todos os cânones, se fez ordenar e sagrar em seis dias por um bispo que estava suspenso.
Tanto a corte como Fócio enviaram a Roma habilidosas profissões de fé, inventando razões para a deposição de Inácio. Nicolau I tomou uma medida prudente, enviando ao Oriente bispos para examinarem a causa do patriarca deposto.
Realizou-se um sínodo, mas os legados pontifícios foram ameaçados e foi feita uma leitura viciada da carta do papa.
Informado do que se tinha passado, Nicolau I condenou e depôs Fócio. Este, apoiado pela corte bizantina, passou a lutar abertamente com Roma, transformando o seu caso na defesa doutrinal que empenhasse na luta a Igreja do oriente. Por isso, envia uma circular a todos os bispos alertando-os contra as inovações da Igreja romana e a sua ingerência na disciplina eclesiástica.
Mas a divergência fundamental consistia numa suposta falsificação doutrinal do símbolo da fé, Com efeito, enquanto para a Igreja do Oriente o Espírito Santo procedia apenas do Pai, Roma afirmava que procedia igualmente do Filho. Realmente, a doutrina tributária da Igreja afirmava, à luz do Evangelho, que o Espírito Santo procedia do Pai e do Filho como de um único principio ab aeterno. No entanto, não se tratava de uma doutrina nova que tivesse sido introduzida contra qualquer definição anteriormente feita, pois se encontrava já explicita no chamado símbolo Quiqunque, que data dos fins do século I: «O Pai não foi feito nem criado nem gerado por nenhuma das outras Pessoas; o Filho procede apenas do Pai, gerado mas não feito nem criado; o Espírito Santo vem do Pai e do Filho, não feito nem criado nem gerado mas apenas procedendo».
Fócio, contudo, conseguiu fazer disto um ponto nevrálgico na rivalidade entre Bizâncio e Roma e, em conciliábulo realizado na Basílica de Santa Sofia, em 867, com a presença do Imperador, atreveu-se a proferir uma sentença de excomunhão contra o papa.
Adivinhavam-se dias difíceis, mas aconteceu no inesperado. Em Setembro desde ano, o imperador Miguel III foi assassinado e o novo imperador, Basílio, depõe Fócio e chama do exílio o patriarca Inácio, que erra muito querido do povo. A seguir envia a Roma cartas cheias de devoção e a sincera adesão ao vigário de Cristo, pedindo a sua intromissão para tratar dos desvios doutrinais. São Nicolau I já não teve o prazer de receber estas cartas, pois, entretanto, faleceu.
Uma das manifestações de poder da Sé Apostólica está em convocar sínodos e em aprovar as sua conclusões: «Só Roma tem o poder de declarar legitimas as conclusões de qualquer sínodo ou concílio».
Dentro desta linha e um ano antes da sua morte, envia ao recém-convertido rei dos Búlgaros, Miguel Boris,o famoso documento Reponsa Nicolai ad consulta bulgagorum, no qual responde a 106 perguntas que lhe fizera de carácter moral, jurídico e económico, dizendo ainda: «Administrador supremo da Igreja, o papa é também o único juiz em última instancia em todas as causas mais importantes».
Quanto às relações entre o poder civil e o religioso, a atuação de Nicolau I mostra claramente que havia terminado o cesaripapismo de Carlos Magno, que se considerava responsável diante de Deus pela Igreja. A concepção carolíngia, na linha da concepção bizantina, tendia a absorver a Igreja no Estado, talo como os teóricos do século XIV pretendiam, ao invés, absorver o Estado na Igreja. Nicolau I Magno distingue e demarca ambos os poderes com autonomias próprias.
Ao escrever a Carlos, o Calvo, e a Luís, o Germânico, a propósito do escândalo de Lotário, e ao imperador bizantino no caso de Fócio, o que sobretudo lhes pede é que permitam a aplicação livre das leis canónicas.
Dentro da mesma lógica condena as torturas como meio de punir os condenados, bem como a guerra ofensiva.
No seu pontificado mandou fazer a recapitulação das leis eclesiásticas, a chamada Decretali Pseudoisidoriane, redigida anos antes.
Movido pela caridade aboliu o uso de torturas nos processos judiciais e enviou missionários para cristianizar os búlgaros e o seu rei Boris.
Mandou trasladar da Crimeia para Roma o corpo de São Clemente, mandando-o sepultar na Igreja que tem o seu nome.
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ADRIANO II
Adriano II
(867-872)
Adriano II era um velho de 75 anos, cardeal de São Marcos, que foi escolhido pela sua piedade e espírito de caridade.
Logo que foi eleito, em 14 de Dezembro de 867, defrontou acontecimentos dolorosos. Primeiro com Lamberto, duque de Espoleto, que atacou e pilhou Roma; depois, uma sua filha (pois era viúvo quando se tornou sacerdote), foi raptada por Eleutério, irmão de Anastásio, bibliotecário do papa São Nicolau Magno, seu antecessor. O papa entregou o caso à justiça e Eleutério assassinou-lhe a filha.
Caluniado por ter concedido a amnistia a bispos exilados, vê-se obrigado a realizar um sínodo em Troyes, em 868. Com o mesmo intuito convocou alguns clérigos mais intransigentes para um banquete no palácio de Latrão.
O seu curto pontificado apenas com cinco anos, foi importante. Condenou o patriarca de Constantinopla, Fócio, pois reuniu um concílio em São Pedro com a assistência de enviados bizantinos, do qual saíram confirmados os decretos do papa Nicolau Magno, bem como a condenação de Fócio.
No entanto, Adriano II entendeu que era indispensável uma solução eficaz e definitiva e convocou novo concílio ecuménico, que se realizou em Constantinopla em 869 e onde o primeiro cuidado dos legados papais foi o de conseguir que os bispos orientais assinassem uma profissão de fé, à semelhança do antigo formulário de Hormisdas, firmado pela Igreja grega.
Fócio, que comparecera na quinta sessão, manteve-se inamovível, inutilizando os esforços do imperador e do papa.
Os 27 cânones aprovados, visaram, principalmente impedir o retorno dos incidentes em torno de Fócio.
Ficou estabelecida a concórdia entre Roma e Constantinopla, apesar da opressão dos Bizantinos, ciosos das prerrogativas dos seus patriarcas. Roma, contrariada, cedia quanto à dependência dos recém-convertidos búlgaros, deixando-os sob a esfera de Bizâncio.
Adriano II aprovou a liturgia eslava de Cirilo e Metódio, os quais vieram a ser canonizados. São Cirilo, monge, e São Metódio, bispo, irmãos de sangue, difundiram o Evangelho na Morávia (antiga Checoslováquia) e na Panónia (Croácia) e traduziram a liturgia latina para a língua eslava, tendo morrido em 869 e 885, respetivamente, em Roma e na Morávia. A sua memória celebra-se em 14 de Fevereiro e são co-padroeiros da Europa.
No pontificado de Adriano II, dá-se a conquista da cidade do Porto – Portugal, pelo conde Vimara Peres, firmando-se o domínio cristão num território que viria a ser a base da futura nação portuguesa.
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MARINHO I
Marinho I
(882-884)
Foi consagrado em 26 de Dezembro de 883.
Discípulo de São Nicolau Magno, foi por ele enviado como legado a Constantinopla por causa dos problemas originados por Fócio.
Foi auxiliar dos papas seguintes, para os problemas do oriente e da Bulgária e deu sempre tais provas de prudência e clarividência que o seu nome foi logo indicado para suceder a João VIII, numa época em que tudo se apresentava difícil.
A sua primeira preocupação foi atenuar e resolver problemas vindos do pontificado anterior, um deles com Formoso, bispo de Portus, que tinha sido deposto da sua sede por João VIII, que o obrigara a jurar que, no futuro, iria sempre viver como leigo. Marinho I dispensou-o do juramento e reempossou-o como bispo de Portus.
Como o duque de Espoleto e os sarracenos se recusassem a restituir a Sé romana os territórios que se tinham apoderado, Marinho I viu-se obrigado a recorrer ao imperador, que interveio para repor a legalidade, que pouco durou.
No seu pontificado houve uma incursão dos sarracenos, os quais incendiaram diversas igrejas e mosteiros, entre eles o de Monte Cassino.
A morte surpreendeu-o repentinamente. Foi sepultado no Pórtico de São Pedro, entre a Porta Argêntea e a Porta Romana, onde ainda hoje se conserva o seu epitáfio.
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Post colocado em 28-1-2013 – 11H35
ANTÓNIO FONSECA
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