quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Nº 1518–(3) - VIDAS DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA–(24) - 2 de Janeiro de 2012

Desejo a continuação de
 
BOAS FESTAS e BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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SÃO SILVÉRIO
 
Silvério
 
São Silvério
(De 536 a 537)
 
Foi um pontificado muito curto e cheio de perturbações, pois a eleição deu-se a 8 de Junho de 536 e São Silvério faleceu em Dezembro do ano seguinte.
Ao saber da morte do papa Agapito, o rei godo, Teodorico, apressa-se a impor a eleição de um papa da sua confiança.
O povo e o clero de Roma aceitam Silvério, dadas as suas qualidades, embora receando a vingança de Teodato.
Pouco depois as tropas do general Belisário, às ordens do imperador Justiniano, invadem a Itália com intuitos de conquista e unificação. Teodato, amedrontado, é destituído e assassinado pelos seus próprios soldados que deixam Roma para se concentrarem em Ravena.
Silvério, para evitar derramamento de sangue, aconselha o Senado a acolher bem as tropas de Belisário, até porque a junção do Ocidente a Bizâncio o libertava da ameaça do domínio dos Godos, bárbaros e arianos.
Vitiges, sucessor de Teodato, sitia Roma, que, apesar da fome, resiste mais de um  ano.
Por essa altura, em Roma, conjurava-se contra Silvério. A imperatriz Teodora, que não esquecera nem perdoara a deposição de Antimo, envia de Constantinopla, com instruções secretas contra o papa, o diácono romano Vigilio, que ali se encontrava desde a morte de São Bonifácio. Vigilio, ajudado por Antonina, mulher de Belisário, faz circular, como assinada pelo papa, uma carta em que Silvério pede a Vitiges o auxilio dos Godos para libertação de Roma.
Chamado à presença de Belisário para se justificar, Silvério vai acompanhado por Vigilio, que o introduz  nos aposentos de Antonina, que, acompanhada do general, se fingia enferma. Belisário grita e insulta-o e Silvério é posto fora sem que lhe aceitem os seus protestos de inocência. Belisário manda arrancar-lhe as vestes episcopais e condena-o ao degredo na ilha Palmária, no mar Tirreno.
O bispo de Pátara, para onde Silvério fora anteriormente enviado, parte de imediato para Constantinopla para o defender junto de Justiniano.
O imperador manda regressar o papa a Roma para ser, de novo, imparcialmente julgado, mas as suas ordens já não chegam a tempo e pouco depois, no meio de vexames e humilhações, o papa morre, provavelmente à fome.
Uma relação da época dá-lhe o merecido título de «confessor da fé», pois a sua morte terá tido origem na recusa da reposição do patriarca Antimo e em não prometer o livre curso do arianismo.
 
 
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VIGILIO
 
Vigilio
 
Vigilio
(De 537 a 555)
 
Começou por ser manejado por duas mulheres sem escrúpulos e por Belisário contra o papa São Silvério.
Oriundo da aristocracia romana, recebeu o sólio pontifício, em 11 de Novembro de 537, por imposição do general bizantino que conseguiu que o clero romano lhe legitimasse a eleição.
Pressionado pela sua cúmplice, imperatriz Teodora, que esperava que ele reabilitasse Antimo, e com  o apoio do monofisismo, Vigilio não cede e dá-lhe por carta uma resposta inequívoca: «Se antes disse, errada e imprudentemente, o que não devia dizer, não posso agora de modo algum, aceder ao teu pedido, reabilitando esse herege. Apesar de me sentir indigno, sou o representante do apóstolo Pedro, revestido da mesma dignidade dos meus veneráveis predecessores Silvério e Agapito que condenaram, Antimo».
Teodora, despeitada, fica à espera de se vingar.
O imperador Justiniano, arrogando-se uma autoridade superior à do papa, mete-se nos campos da teologia, gerando uma controvérsia que ficou conhecida como «Controvérsia dos Três Capítulos».
Como os monofisitas chamavam nestorianos aos seguidores do Concílio de Calcedónia, surgiu a ideia de publicar a condenação dos três teólogos já falecidos, entre os quais Teodoro de Mopsuéstia, suspeitos de nestorianismo. Desse modo se calariam os monofisitas, sem se aludir ao Concílio de Calcedónia. A condenação tinha três capítulos, daí o nome da controvérsia, mas o édito foi considerado inoportuno e desnecessário pelo papa.
Aproveitando esta atitude de Vigilio, a imperatriz Teodora pensa na vingança e leva o imperador Justiniano a chamar o papa a Constantinopla, a fim, de o convencer a subscrever o decreto, tal como, sob coacção, tinham  feito os bispos orientais. Vigilio recusa e o imperador dá ordens para que lho levem à força.
Estava a celebrar os ofícios sagrados na Igreja de Santa Cecília, em 22 de Novembro de 545, quando um grupo de soldados, chefiados por Antimo, interrompe a missa e o faz sair de Roma sob escolta. Chegado à capital do oriente, cerca de um mês depois, é recebido com fingida apoteose por Justiniano, mas Vigilio sentiu que era prisioneiro.
De início teve coragem para não se submeter, mas acabou por subscrever a condenação dos «Três Capítulos».
Querendo salvaguardar a sua total adesão com o Concílio de Calcedónia e lamentando as dificuldades de um cargo quer tanto ambicionara, sentiu que só lhe restava uma saída: a convocação de uma comissão episcopal. Justiniano não fez grandes reparos à proposta e publica novo édito com a condenação dos «Três Capítulos».
Vigilio refugia-se numa basílica da cidade, onde os soldados imperiais o vão procurar, mas resiste, apoiado pelo povo e alguns clérigos fieis.
Na antevéspera do Natal de 551, iludindo as sentinelas, Vigilio consegue evadir-se e com alguns amigos, entre eles o bispo de Milão, chegar à Calcedónia, de onde, em Fevereiro de 552, escreve uma encíclica de esclarecimento e protesto ao mundo cristão, declarando a sua adesão inquebrantável à fé exarada nos quatro grandes concílios ecuménicos.
O imperador, vendo que nada consegue, escreve com hábil diplomacia, em tom amigo e humilde, e envia a carta por Belisário, a propor a reconciliação.
Vigilio, com garantias de proteção, regressa a Constantinopla certo de que assim lho exigia o bem da Igreja e propõe a realização de um concílio ecuménico em Itália. O imperador concorda, mas na condição de o concílio se realizar em Constantinopla e os bispos participantes serem por ele designados, excluindo representantes da Itália, da Gália e Espanha e com  poucos africanos. Nestas condições, Vigilio recusa-se a participar e a 14 de Maio de 553 envia a Justiniano o célebre Constitum, compilado em grande parte pelo seu auxiliar e sucessor, Pelágio, onde, expõe sessenta proposições de Teodoro de Mopsuéstia, quase todas relativas a cristologia, exprimindo sobre cada uma um juízo enérgico e severo «em virtude da autoridade apostólica», mas negando-se a condenar a sua memória porque o Concílio de Calcedónia também não o fizera.
O imperador, furioso, manda encarcerar os diáconos secretários de Vigilio e ele, só, doente e já velho, acaba por concordar com  a publicação proferida pelos bispos conciliares contra Teodoro de Mopsuéstia e dando anuência ao concílio conduzido contra sua vontade.
A atitude de Vigilio provocou efeitos nefastos no Ocidente e no Norte de África, onde foi interpretada como condenação do Concílio de Calcedónia e, implicitamente, a negação da infabilidade papal. Um sínodo reunido em Cartago, lança mesmo a excomunhão sobre o papa.
Com tudo isto, Vigilio sente-se humilhado pela sua falta de coerência e firmeza e arrependido dos processos utilizados para chegar a sumo pontífice.
Justiniano, entretanto, permite-lhe que regresse a Roma, para onde partiu na Primavera de 555, mas não chegou ao seu destino porque, debilitado e enfermo, morreu em Siracusa, na Sicília.
Anote-se que durante o seu pontificado chega à Galécia, proveniente da Panónia (Hungria), São Martinho, que viria a ser chamado Dumiense em atenção à sua primeira sede episcopal em Dume, nos arredores de Braga, e também, bracarense, por ter ficado à frente desta diocese de 569 a 579. Acontecimento de relevo durante o pontificado foi a morte de São Bento em 547.
 
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PELÁGIO I
 
Agapito I_thumb[1]
 
Pelágio I
(De 556 a 561)
 
Foi diácono da Igreja romana, aprocrisiário em Constantinopla, defendeu os «Três Capítulos», evitou o Cisma da Sicília e a morte dos romanos quando da invasão de Tótila.
Emissário dos três papas anteriores, Agapito I, São Silvério e Vigilio, de quem  foi secretário, estava naturalmente indicado para ser o seu sucessor.
A verdade é que houve um interregno de dez meses para que fosse eleito papa, o que só aconteceu em 16 de Abril de 556; tal facto terá ficado a dever-se à prepotência do imperador Justiniano, então senhor do Império do Ocidente, que pretendia um pontífice menos difícil que Vigilio, ou que, ao menos, aceitasse, como ele, o Concílio de Constantinopla.
O certo é que Pelágio, que estivera ao lado de Vigilio na questão dos «Três Capítulos», acabaria por reconhecer igualmente a legitimidade do concílio, quem sabe se por pressão do imperador Justiniano, já que ele o fez papa. A sua atitude anti-Bizâncio não foi bem aceite pelo clero italiano, chegando mesmo a gerar-se uma ameaça de cisma, pela recusa da comunhão com ele, por parte dos bispos de Milão, Alquileia e Norte de África. Enfrentava então forte oposição, uma vez que se duvidava da sua ortodoxia.
Pelágio entendeu que devia agir com clarividência e, para eliminar qualquer dúvida, publicou uma explicita declaração de fé com adesão inequívoca aos concílios ecuménicos anteriores ao de Constantinopla, sem qualquer alusão a este para não ferir as susceptibilidades de qualquer das partes.
Por ocasião da Páscoa, celebrada com grande solenidade em São Pedro, proferiu um inesperado juramento sobre os Evangelhos, protestando a sua total inocência quanto às acusações que lhe faziam no campo da fé. Escreve mesmo ao rei Gildeberto, da Gália, declarando que em Constantinopla não se haviam discutido questões de fé e que, após a morte da Imperatriz Teodora, já nada havia a temer.
Vencidos estes obstáculos procura reorganizar a vida eclesiástica de Roma abalada pelas constantes e prolongadas ausências de Vigilio em Constantinopla, e, ao mesmo tempo, empenha-se no auxilio material à população de Roma e outras cidades de Itália devastadas pelas guerras entre os Godos e Bizâncio e pelas incursões dos bárbaros alamanos e francos.
Nessa emergência, além da sua inesgotável caridade, revelou-se um administrador inteligente e prático dos bens pontifícios e mandou construir a Igreja dos Santos Apóstolos, em  Roma.
  • Nota:
  • Pouco depois do falecimento do papa, realizar-se-ia o primeiro Concílio de Braga sob a presidência do bispo Lucrécio e com a participação do bispo de Dume, São Martinho, e dos bispos André, da Iria, Lucêncio, de Coimbra, e ainda os de Lugo, Tui, Astorga e Orense concílio cuja importância sobressai nos assuntos tratados: necessidade dos concílios provinciais; uniformidade litúrgica; normas para o apostolado; disciplina eclesiástica; erradicação da heresia priscilianista.
 
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Continua:…
Post colocado em 2-1-2013 – 11H00
ANTÓNIO FONSECA
Esta é a primeira edição desta página, no ano de 2013.

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